quinta-feira, 28 de novembro de 2019

Viajo Porque Preciso, Volto Porque te Amo(,Karim Aïnouz, Marcelo Gomes;2010)



Indicação ,apresentação do filme e texto:Bernardo Timm

O "DARDENNE" BRASILEIRO & DON L.


INTRODUÇÃO:
 Aïnouz é um cineasta cearense da era da Retomada e Pós-Retomada. É mundialmente premiado nos mais diversos festivais, e recentemente, seu filme "Vida Invisível" (2019) ganhou Un Certain Regard (um certo olhar) este ano em Cannes. 

KARIM DARDENNE:
 Karim é sem dúvida único no cinema mundial, assim como os Dardenne, seu cinema é local, não porque não vale a pena ser visto caso não compartilhe algo com a localidade, mas sim a sua ambientação cinematográfica. O Brasil de Praia do Futuro, o Rio de Madame Satã, o nordeste de Viajo Porque Preciso Volto Porque te Amo e de Céu de Suely e até a Alemanha em Zentralflughafen THF, visto que morara em Berlim durante um tempo.
Porém, a comparação que quero trazer  com os Dardenne é em relação a profundidade e a sensibilidade do diretor. Por mais que os filmes de Luc e Jean-Pière sejam mais sociais e os Karim mais pessoais, os personagens vividos pelos atores trazem poesias puras.
    Seja no contraste trazido entre Hermila e o azul de seu céu ou no amor e nos desabamentos das estradas de Viajo Porque Preciso... etc. Há sempre algo de singelo, algo de poético, algo de único em cada filme de Karim. Com efeito, essa unidade foi muito bem apontada por Don L em seu maravilhoso disco "Roteiro pra Aïnouz vol. III"

ROTEIRO PARA AÏNOUZ:
 Gabriel da Rocha também fortalezense, de nome artístico Don L, rapper da nova escola nacional e muito aclamado na cena pelo seu trabalho. Depois de seu disco "Caro Vapor/Vida Veneno de Don L" (2011), Don L inova ao relacionar o rap ao cinema nacional e nordestino. Em seu disco, o título se justifica ao trazer um história de renovação, nostalgia, trajetória, inovação etc. em que a única pessoa que seria capaz de traduzi-la para a grande tela é Aïnouz. Don L em SE NÃO FOR DEMAIS:
"(...) Eu preciso fazer um bagulho, eu preciso disso
Eu preciso recomeçar e acabar com tudo que eu era
Eu juro que será um puta movie
Puts, a minha vida é um loop do Fight Club
Dirigido por Aïnouz
Muita treta pra Tarantino
Muito denso pra Hollywood
Muito gueto pra Kerouac
Mais Saara do que Arizona (...)"
Link para o disco: 
https://www.youtube.com/playlist?list=OLAK5uy_kEnWlLjt48EclAYPUpeusXMCDQBWEZ3hY

Cinematografia de Aïnouz:
1992 O Preso Vídeo (ficção)
1993 Seams Curta-metragem
1994 Paixão Nacional Vídeo
1996 Hic Habitat Felicitas Curta-metragem
1998 Les Ballons des Bairros Curta-metragem (documentário)
2000 Rifa-me Curta-metragem
2002 Madame Satã Longa-metragem
2006 O Céu de Suely Longa-metragem
2008 Alice Série de televisão
2010 Desassossego Longa-metragem Direção de um dos seguimentos
Viajo Porque Preciso, Volto Porque Te Amo Longa-metragem Co-direção Marcelo Gomes
2011 Sonnenallee Curta-metragem (documentário) Documentário para a Sharjah Art Foundation
Destricted.br Vídeo
O Abismo Prateado Longa-metragem
Sua Cidade Empática Vídeo
2014 Cathedrals of Culture Vídeo documentário Direção do seguimento "Centre Pompidou"
Praia do Futuro Longa-metragem
Domingo Curta-metragem (documentário) [10]
Terra Prometida Vídeo Vídeo instalação (co-direção Armando Praça)
Short Plays Vídeo Direção do seguimento "Brazil"
2015 Velázquez ou O Realismo Selvagem Longa-metragem (documentário)
2018 Zentralflughafen THF Longa-metragem (documentário)
2019 A Vida Invisível Longa-metragem


Premiação:
Prêmio Un Certain Regard no Festival de Cannes por A Vida Invisível (2019)
Prêmio Anistia Internacional no 68º Festival Internacional de Cinema de Berlim por Zentralflughafen THF (2018)
Segundo Prêmio Coral no Festival de Havana por O Abismo Prateado (2011)
Prêmio de Melhor Diretor no Festival do Rio por O Abismo Prateado (2011)
Grand Prix Coup de Coeur, 22º Rencontres Cinémas d'Amérique Latin (Toulouse/France), por Viajo porque Preciso, Volto porque Te Amo (2010)
Prêmio de Melhor Fotografia no Festival do Rio por Viajo porque Preciso, Volto porque Te Amo (2009)
Prêmio de Melhor Diretor no Festival do Rio por Viajo porque Preciso, Volto porque Te Amo (2009)
Prêmio FIPRESCI no Festival de Havana por Viajo porque Preciso, Volto porque Te Amo (2009)
Terceiro Prêmio Coral no Festival de Havana por Viajo porque Preciso, Volto porque Te Amo (2009)
Prêmio FIPRESCI, 47º Thessaloniki International Film Festival, por O Céu de Suely [Love for Sale ](2009)
Grand Coral no Festival de Havana por O Céu de Suely (2009)
Prêmio de Melhor Filme no Festival do Rio por O Céu de Suely (2006)
Prêmio de Melhor Diretor no Festival do Rio por O Céu de Suely (2006)
Prêmio de Melhor Diretor na Associação Paulista de Críticos de Arte por Madame Satã (2002)
Prêmio de Melhor Direção no Festival de Biarritz por Madame Satã (2002);
Gold Hugo no Chicago International Film Festival por Madame Satã (2002);
Prêmio de Melhor Curta-metragem no Ann Arbor Film Festival, em Michigan, por Seams (1997);
Prêmio Vito Russo Award no New Festival, em Nova York, por Seams (1994)
Prêmio de Melhor Curta-metragem no Atlanta Film Festival por Seams (1994).

Referências:
RFI BRASIL
< https://www.youtube.com/watch?v=Rr1Gx2cglSQ>
< https://www.youtube.com/watch?v=z0YS767UybI>
WIKI
< https://pt.wikipedia.org/wiki/Karim_A%C3%AFnouz>
DON L
< https://genius.com/artists/Don-l>


VIAJO PORQUE PRECISO VIAJO PORQUE TE AMO:
   É um filme de Aïnouz filmado em 1999, lançado em 2009 e relançado na França em 2016. Roteirizado e produzido  junto com Marcelo Gomes, o diferencial deste filme para a cena nacional trata-se da continuidade aos trabalhos de Glauber e do Cinema Novo ao trazer o nordeste ao cinema, nas palavras do diretor "trazer o nordeste de agora".
  O filme é um filme de estrada (road movie), o primeiro e único de sua carreira, é sobre a trajetória de um geólogo que visita a região à trabalho que em paralelo, transcorrem-se reflexões sobre suas condições e dramas. O questionamento desta vez é a razão e a motivação para viver. O filme não responde a primeira pergunta, mas traz um sentimento de resiliência e de motivação para a segunda que é aquele típico filme "renovador", todas aquelas estradas e lugares que são tratados com passagem pelo Brasil muito servem para comentar a direção e a duração da vida e somadas a atuação brilhante de Irandhir Santos transformam sobras de filmagens em arte. 
Foi ganhador de diversos prêmios nacionais e internacionais (Veneza, Cuba) pela sua fotografia e/ou direção, melhor filme. O grande charme deste filme é como emociona e toca o expectador apenas com a voz, visto que é um voice-over. Quem viu "Mademe Satã" e/ou "O Céu de Suely" pode novamente notar a densidade do filme  e também a transformação de músicas "bregas" à ambientação.

Premiação:
Festival de Veneza - 2009
Em competição - Seção Orizzonti
Festival do Rio - 2009
Melhor direção
Melhor fotografia
Festival de Cinema de Havana - 2009
Melhor Som
3º Prêmio Coral de Ficção
Prêmio FIPRESCI – International Federation of Film Critics
Festival Santa Maria da Feira - 2009
Melhor Filme
Melhor Filme pelos Cineclubistas
Festival SESC Melhores do Ano - 2010
Melhor Filme pela Crítica
Festival Internacional de Documentários de Santiago do Chile - 2010
Prêmio Especial do Júri
Festival de Cinema Brasileiro em Paris - 2010
Melhor Filme
Melhor Ator (Irandhir Santos)
Festival de Toulouse - 2010
Grande Prêmio Coup de Coeur
6º Prêmio BRAVO! Prime de Cultura - 2010
Melhor Filme
5º Prêmio Contigo! de Cinema - 2010
Melhor Roteiro
3º Festival de Triunfo, 2010
Melhor Longa-Metragem Nacional
Melhor Roteiro de Longa-Metragem
Melhor Montagem de Longa-Metragem
Melhor Ator de Longa-Metragem (Irandhir  Santos)
Melhor Fotografia de Longa-Metragem
Melhor Direção de Longa-Metragem

Referências:
< http://www.revistacinetica.com.br/viajoporquepreciso.htm>
< http://interrogacao.com.br/2010/06/critica-viajo-porque-preciso-volto-porque-te-amo/>
< https://pt.wikipedia.org/wiki/Viajo_porque_Preciso,_Volto_porque_Te_Amo>
<https://www.youtube.com/watch?v=z0YS767UybI>




Um comentário:

  1. Dudu Azevedo/São Pedro da Serra3 de dezembro de 2019 às 16:48

    Bernardo, gostei do texto. Por alguma razão, não vi esse filme e conheço nada do Karim. Mas o que eu gostei mesmo foi a sua comparação entre o Karom e o Dardenne: não sabia que o brasileiro também tinha esta vocação ao humanizar personagens que poderiam estar anônimos, ao nosso lado, no cotidiano. Inclusive gostei de ver a sua descrição do filme. Concordo que o Nordeste parece uma coisa tão distante que é invisibilizado. Parece que lá os personagens não são "próprios" para cinema, que o Nordeste não existe e que as suas histórias e vidas são irrelevantes. Grato por pelovwue o Karim fez (trazer o Nordeste para o cinema). Grato pelo seu texto. VALEU !

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