quinta-feira, 20 de outubro de 2022

Macunaima( Joaquim Pedro de Andrade;1969)


 

MACUNAÍMA
BRASIL;1969
Direção e Roteiro:Joaquim Pedro de Andrade;105 min
ELENCO PRINCIPAL:Grande Otelo, Paulo José, Jardel Filho, Dina Sfat, Milton Gonçalves, Rodolfo Arena, Joana Fomm.
As aventuras de Macunaíma, o herói sem nenhum caráter, e suas andanças por um Brasil em transformação. Ele nasceu na selva e de preto, virou branco. Depois de adulto deixa o sertão em companhia dos irmãos e vive aventuras na cidade. Macunaíma ama guerrilheiras e prostitutas, enfrenta vilões milionários, policiais e personagens de todos os tipos.Um compêndio dos mitos, lendas e da alma do brasileiro, a partir do clássico romance de Mario de Andrade.

quinta-feira, 13 de outubro de 2022

Trono Manchado de Sangue ( Akira Kurosawa;1957)







 Indicação, apresentação do filme e texto: Fábio Martins

Trono Manchado de Sangue
Título original: Kumonosu-jô
Ano: 1957
Direção: Akira Kurosawa
Roteiro (baseado na obra Macbeth de William Shakespeare): Hideo Oguni, Shinobu Hashimoto, Ryûzô Kikushima, Akira Kurosawa
Elenco: Toshirô Mifune, Isuzu Yamada, Takashi Shimura, Akira Kubo, Hiroshi Tachikawa, Minoru Chiaki, Takamaru Sasaki, Gen Shimizu, Kokuten Kôdô, Kichijirô Ueda
Duração: 110 min.

Sinopse:

Akira Kurosawa foi buscar na literatura a fonte de inspiração para alguns roteiros de seus filmes, como O Idiota, na literatura russa de Dostoievski, e Rashomon, na literatura japonesa de Rynosuke Akutagawa. Em Trono Manchado de Sangue o diretor voltou-se para William Shakespeare e, ao lado de três colaboradores, adaptou a tragédia Macbeth situada na Escócia do início do século XVII para o Japão feudal. Na adaptação, Kurosawa incluiu elementos da cultura japonesa, não só no roteiro, mas também na interpretação dos atores, que utilizaram as técnicas do tradicional teatro Nô.
Com seu refinamento técnico, já na abertura, Kurosawa usa um grande plano geral e na sequencia vai introduzindo aos poucos os elementos do cenário. Tendo por fundo musical uma espécie de canto gregoriano agourento, a paisagem enevoada sugere algo fantástico que vai sendo desvendada aos poucos, para só então apresentar os primeiros personagens.
Yoshiteru Miki (Akira Kubo) e Taketori Washizu (Toshirô Mifune) são os comandantes militares do senhor feudal do Castelo das Teias de Aranha, Tzuzuk. Ameaçado por rivais, está para decidir pela retirada quando chega a notícia das vitórias dos dois comandantes. Quando estão de volta cavalgando por uma floresta, os dois comandantes se deparam com um espírito que está sentado enrolando calmamente um fio de linha. Este então prevê o futuro de ambos: Washizu em breve assumirá o trono e será sucedido pelo filho de Miki. Os amigos desdenham dessas previsões, mas parece que já não são mais senhores da linha de suas vidas. Ao retornar para casa, Washizu relata a predição para a sua esposa, a Senhora Asaji (Isuzu Yamada) que, crédula no presságio do espírito, passa a insuflar o marido a agir destronando o seu senhor e aniquilando seu amigo Miki. A oportunidade surge quando o senhor Tzuzuk chega para passar a noite em sua residência.
Temeroso de ser traído, Washizu é tomado pela ambição de subir ao trono e ao comando do Castelo das Teias de Aranha. Movido por um estranho instinto que o faz agir impulsivamente, deixando a razão de lado, acaba por criar as condições de sua própria ruína, após trair e assassinar seu senhor e o amigo. Enquanto isso, sua mulher surta em razão da culpa por ter incentivado o marido à traição e assassinato. O fim trágico se conforma com a morte do protagonista.
A fotografia e iluminação impressionam pela qualidade técnica, especialmente nas sequências de aparição dos espíritos, num ambiente fantasmagórico no meio da floresta. A saturação em branco, com forte luz na fotografia, e a perfeita edição das sequências ajudam a torná-las inesquecíveis. Outro momento de destaque ocorre quando Washizu vê um fantasma no banquete de comemoração da sua conquista do poder, o que demarca o início da sua derrocada.
Kurosawa realiza uma excepcional adaptação da obra de Shakespeare e o resultado é mais uma obra-prima. Trono Manchado de Sangue mistura fantasia e todos os elementos de uma tragédia clássica, expondo de maneira grandiosa uma das histórias mais intrigantes da dramaturgia mundial.