terça-feira, 22 de setembro de 2020

CINEMA LATINO-AMERICANO : Sete Caixas (Juan Carlos Maneglia, Tana Schémbori;2014) / A Jaula de Ouro (Diego Quemada-Diez ;2013)






 A Jaula de Ouro
Por Rafael Menegon 

Todos os dias, milhares de pessoas saem de suas cidades, de todos os cantos da América Central, rumo ao sonho de viver a vida nos Estados Unidos. Isso é uma triste realidade pela qual já ouvimos e ainda ouviremos falar muito, infelizmente quase sempre com um final dramático. A Jaula de Ouro, do diretor estreante Diego Quemada-Diez, mostra essa luta de uma forma humana e visceral, como poucas vezes mostrada até então nas telas.
O filme começa silencioso, com a primeira palavra sendo proferida apenas depois de passados sete minutos. Até lá, acompanhamos imagens do dia-dia de dois adolescentes de uma cidade na Guatemala, que sonham atravessar a fronteira do México com os Estados Unidos para melhorar de vida. Um deles é Juan, que logo se firma como uma espécie de chefe entre eles. O outro na verdade é uma menina, Sara, que esconde os seios, corta o cabelo e usa roupas de menino para tentar esconder seu sexo, usando o nome de Osvaldo. Junto deles ainda está um terceiro garoto, Samuel.
Depois de serem transportados de barco até uma ponte férrea, eles pegam carona clandestinamente num trem de carga, que já estava transportando outras dezenas de homens, todos escondidos. Ao chegar em uma pequena cidade, passam a fazer apresentações artísticas na rua para ganhar dinheiro para a alimentação. Pegos pela polícia, todos são levados de volta à Guatemala, junto com um quarto garoto, que fez a viagem junto com eles.
Eles não desistem, e resolvem tentar refazer o longo caminho da primeira vez. Porém, o fardo é pesado demais para Samuel, que desiste de tudo deixa o grupo desfalcado. A dor nos seus olhos é tocante na hora em que ele dá adeus aos companheiros. Percebemos que se trata da dor de deixar um sonho para trás, e de se culpar por não ter a coragem suficiente de enfrentar as dificuldades que viriam pela frente. Apoiado pelos amigos, ele então fica, e os outros seguem viagem.
Como o caminho é basicamente todo por florestas, eles tem que se virar para sobreviver no meio do mato, enquanto tentam alcançar o objetivo. Por sorte, o garoto que entrou no grupo por último é um índio, chamado Chauk, que conhece um pouco mais da selva do que os dois que viveram a vida toda na cidade. No caminho, porém, são surpreendidos violentamente pela polícia de imigração, mas são salvos por um homem que esconde eles em uma casa até a polícia ir embora.
Em uma nova travessia, o trem onde eles estão sendo transportados acaba sendo assaltado, e todos obrigados a descer. A gangue de assaltantes pede todos os pertences das pessoas, além de separar as mulheres e colocá-las em um caminhão. Pensamos logo na sorte de Sara estar se passando por homem, e o quanto isso está servindo para salvar sua vida. No entanto, isso dura até um deles descobrir seu disfarce, e ela ser levada junto.
O triste destino de Sara a gente desconhece (ou finge desconhecer para não se deprimir ainda mais), e no fim das contas, sobram juntos apenas os dois que no início não se davam: Juan a Chauk, que na dificuldade vêem um no outro a força para seguir em frente. Seguindo viagem, novamente são surpreendidos, dessa vez por narcotraficantes, que tentam ganhar algum proveito diante da situação de desespero dos que estão no trem junto com eles.
Apesar de toda a dificuldade, e de inúmeros fatos que fariam qualquer um de nós desistir, eles chegam enfim a tão sonhada fronteira com os Estados Unidos. Milhões e milhões de quilômetros de um muro infinito, que atravessa paisagens, montanhas e cidades ao meio. Ao dar esse último passo rumo ao sonho,infelizmente algo acontece aos dois, e faz com que tudo desmorone de forma irreversível. 
Juan consegue atravessar e ganhar a vida no país norte americano, mas com um emprego miserável e sem perspectiva alguma de mudança. O fato nos leva a pensar em tudo pelo qual essas pessoas tem que passar, para chegar no dito "país de primeiro mundo" vivendo igual ou pior do que viviam em seu país natal. Mais do que isso, faz a gente pensar em quão mesquinhos somos por reclamar de coisas bobas, quando outros vivem de forma desumana pelos quatro cantos do planeta.
É realmente um filme que mexe com o emocional de quem assiste, e é impossível ficar indiferente. O final é de uma beleza que chega a encher os olhos de lágrimas. Afinal, não se trata de apenas mais um filme sobre a travessia da "fronteira proibida", mas sim, de um filme sobre o ser-humano, sobre suas esperanças e desesperanças, e sobre os sonhos temos de ter uma vida digna, que deveria ser direito de todos.
As atuações dos jovens são brilhantes. Cada personagem cativa por alguma qualidade própria, o que cria um laço muito forte com quem assiste. Por isso mesmo, o fim de cada um mexe com a gente como se fossem conhecidos nossos, e é impossível não sentir um peso no coração.
Segundo uma entrevista feita com o diretor Diego Quesada, que já trabalhou como operador de câmera para diretores como Ken Loach, Fernando Meirelles e Alejandro González Iñarritú, o processo de filmagem foi complicado e passou por momentos tensos, como a intervenção de narcotraficantes que queriam embargar o longa. 
Para sorte nossa, ele seguiu em frente, e trouxe para os nossos olhos uma narrativa pesada, consistente, e de forte valor emocional. La Jaula de Oro foi destaque em diversas premiações, inclusive no Festival de Cannes do ano passado, onde os três protagonistas receberam prêmios por suas interpretações. É certamente um dos melhores filmes do ano.

Disponível em http://artecinemaarte.blogspot.com/2014/04/critica-la-jaula-de-oro-2014.html?m=1

CINEMA LATINO-AMERICANO : Postais de Leningrado (Mariana Rondon;2008) / Gigante (Adrian Biniez ;2009)



 

quarta-feira, 16 de setembro de 2020

quinta-feira, 10 de setembro de 2020

terça-feira, 8 de setembro de 2020

CINEMA LATINO-AMERICANO : Dólares de Areia (Laura Amelia Guzmán;2015) / Pássaros de Verão (Cristina Gallego e Ciro Guerra ;2018)


 


Apresentação de Dólares de Areia: Anna Luiza Costa (CFCAM-Nova Friburgo/RJ)


Apresentação de Pássaros de Verão : Joaquim Ferreira

Baseado em fatos,o filme colombiano mostra as disputas de uma família indígena que se envolve com o tráfico de drogas colocando em risco as tradições e cultura dessa comunidade tradicional. 
A família que está no centro dessa  narrativa pertencente ao povo indígena Wayuu,(uaiús, também chamados guajiros, ,grupo étnico ameríndio da península de La Guajira, na costa caribenha colombiana da Colômbia e noroeste da Venezuela,)
Os diretores Ciro Guerra já trataram anteriormente de temáticas similares às apresentadas em com o filme O Abraço da Serpente, de 2015  indicado ao Oscar de Filme Estrangeiro, que explorava o desmanche cultural que a presença de estrangeiros ocasionara no rico cenário amazônico.
O período histórico retratado é conhecido La Bonanza Marimbera” (A “bonança da maconha” , período em que o tráfico ganhou imenso peso, de 1975 a 1985 
O filme começa no emblemático ano de 1968, quando a Contracultura mobilizava a juventude norte-americana interessada em novas experiências de vida. Entre elas, fumar maconha ou experimentar LSD. Jovens, muitos deles hippies, foram convocados a prestar serviços nos chamados “Corpos da Paz” em diversos países da América Latina financiadas por seu país, na verdade um ativismo contra o “risco comunista” na América Latina
A abordagem desenvolvida é completamente diferente daquelas que já foram contadas sobre crimes e tráfico de drogas”, sem o  glamour e espetacularização ou meramente as conseqüências ., Pássaros de Verão transcende o  cinema de gênero sobre tráfico de drogas e violência . O que os diretores buscaram foi “o começo de tudo”, a origem e a base “daquilo que nós ainda estamos vivendo”, especialmente  pelo alto preço por conta  do fim  das tradições e das culturas tendo como exemplo  a má fama de nomes como Pablo Escobar e dos Cartéis de Cali e Medelín, temas  sensíveis  a autoestima do povo colombiano. 
O filme é dividido em cinco contos e tem uma estrutura épica .Ciro Guerra e Cristina Gallego usaram intérpretes pouco conhecidos e muitos “atores oriundos das comunidades retratadas como por exemplo,  José Acosta, que incorpora o protagonista Raphayet  e Carmiña Martínez que interpreta Úrsula, a mãe, personagem catalisadora que passa por dificuldades ao perceber que no mundo patriarcal que sua família está adentrando, as palavras e experiências de uma mulher tem pouca para nenhuma importância. Os Wayuu respeitam a importância do matriarcado.
Tecnicamente ,é importante destacar o  uso de grandes planos abertos para mostrar ao público os ambientes onde os personagens transitam e  quase não utiliza closes,. Se alguém leva um tiro, o foco fica no atirador, fazendo a audiência ver apenas depois a conseqüência dos atos violentos
Os roteiristas  construíram uma história local, mas, ao mesmo tempo universal, de como o capitalismo, e sua natureza predadora , funciona como desagregador de  valores, mercantilizando  a relações sociais .


segunda-feira, 31 de agosto de 2020

CINEMA LATINO AMERICANO








                                                                                                       


 Nas últimas três décadas ,o cinema latino-americano iniciou uma onda criativa que ampliou sua produção cinematográfica até então praticamente restritas a Brasil, Argentina, México e Cuba, países precursores de uma cinematografia dotada de identidade própria 
 A partir desse contexto, muitos filmes começaram a ser produzidos no circuito independente, com maior liberdade de forma e de abordagem temática.Os problemas históricos e dilemas cotidianos da sociedade contemporânea da America Latina passaram a ser exibidos nas telas, retratando com realismo a população marginalizada e  entrelaçando  nos filmes  regionalidades periféricas  com os  problemas estruturais  de nosso continente, desnaturalizando assim a analise  nossa realidade 
Temas como as diferenças de classe , as questões indígena e racial,a migração, o feminismo, as questões de gênero, memória e ditadura política, juventude ,educação , narcotráfico, religião, dentre outros, fizeram com que o cinema latino se tornasse mais heterogêneo ,descolando-se substancialmente do padrão cinematográfico de exibição imposto principalmente pela industria cultural estadunidense 
A grande maioria dos  filmes escolhidos para essa série de exibições ,premiados em festivais e reconhecidos positivamente pela critica, não tiveram a devida divulgação nos circuitos oficiais de exibição. Deste modo ,e marcando bem as funções cineclubistas da democratização do cinema , esse foi um dos critérios para a seleção dos filmes. Além deste, a possibilidade de divulgação on-line e a relação da nacionalidade do filme com os respectivos atores ,diretores e paisagens , foram outros critérios para a seleção dos filmes, mesmo que neste último os órgãos de financiamento internacionais , sobretudo os europeus tenham participado das produções.



PROGRAMAÇÃO

03/SETEMBRO
-DIÁRIOS DE MOTOCICLETA 
(THE MOTORCYCLE DIARIES) 
ARGENTINA, BRASIL,PERU CHILE;EUA;2004 Direção: Walter Salles;120 min
Elenco: Gael García Bernal, Rodrigo de la Serna, Mercedes Morán
Che Guevara era um jovem estudante de Medicina que, em 1952, decide viaja de moto pela América do Sul com seu amigo Alberto Granado. Os dois veem de perto as disparidades da América do Sul, encontrando camponeses pobres .Ao chegar em uma colônia de leprosos no Peru, Che percebe que seus valores haviam mudado.
04/SETEMBRO
-O DESPERTAR DAS FORMIGAS
(EL DESPERTAR DE LAS HORMIGAS )
COSTA RICA;2019 ;Direção: Antonella Sudasassi;94 min
Elenco: Daniela Valenciano, Leynar Gomez, Adriana Alvarez
Na área rural da Costa Rica .Isabel vive sua rotina da maneira mais regrada possível e educa suas filhas para que elas tenham o mesmo comportamento seu. Mas quando o marido insiste em ter outro filho, ela passa a vagarosamente odiar o seu dia a dia.
-AS FILHAS DE ABRIL
(LAS HIJAS DE ABRIL)
MÉXICO;2017;Direção: Michel Franco;103 min
Elenco: Emma Suárez, Ana Valeria Becerril, Enrique Arrizon
Valeria tem 17 anos,está grávida de seu namorado, mas ainda não contou para sua mãe, a ausente Abril. Clara, sua irmã, revela o que está acontecendo, fazendo Abril agir de maneira preocupada e afetuosa. Porém, depois que a criança nasce, fica claro o motivo pelo qual Valeria mantinha a mãe o mais distante possível.


05/SETEMBRO
-COCALERO
(COCALERO);BOLIVIA, 2007 Direção: Alejandro Landes;94 min 
Elenco: Evo Morales;Alex Contreras;Álvaro García Linera;Leonilda Zurita O documentário acompanha a trajetória de Evo Morales durante a conturbada campanha presidencial, em 2005. As lentes captam o dia a dia do então futuro chefe de Estado da Bolívia, entre viagens e comícios. 
-O SEGREDO DOS SEUS OLHOS
(EL SECRETO DE SUS OJOS) ARGENTINA, 2010 Direção: Juan José Campanella; 129 min 
Elenco: Ricardo Darín, Soledad Villamil, Pablo Rago
Benjamin se aposentou do cargo de oficial de justiça e escreve um livro contando um história de estupro e assassinato de uma jovem que testemunhou em 1974. Desta forma, Benjamin conhece Ricardo ,marido da vítima a quem promete ajudar a encontrar o culpado.


11 /SETEMBRO 
-O PACTO DE ADRIANA
(EL PACTO DE ADRIANA)
CHILE, 2017; Direção: Lissette Orozco;96 min.
Elenco: Adriana Rivas, Lissette Orozco.
Quando criança, Lissette Orozco tinha sua tia Adriana como um grande exemplo. Porém, ao descobrir que ela trabalhava para a polícia secreta do ditador chileno Augusto Pinochet, Lissette decide enfrentar Adriana para desvendar os segredos obscuros da história de seu país.
-CANTO DO HAITI
(HAITIAN CORNER)
HAITI;1988 ;Direção: Raoul Peck ;98 min
Elenco: Aïlo Auguste-Judith ,Patrick Rameau 
Joseph Bossuet visita com freqüência a Haitian Corner, livraria haitiana localizada em Nova York. Joseph esteve preso no Haiti, onde conheceu as práticas dos membros da milícia paramilitar haitiana: os Tontons Macoutes. Um dia, ele reconhece um de seus torturadores.A vida de Joseph é então tomada por seu forte desejo de vingança


12/SETEMBRO
-PÁSSAROS DE VERÃO
(PÁJAROS DE VERANO)
COLÔMBIA;2018 Direção: Cristina Gallego e Ciro Guerra ; 120 min.
Elenco: José Acosta,Carmiña Martinez,Jhon Narváez 
No início da produção em massa de marijuana na Colômbia, anos 1960, que coincide com as origens do narcotráfico no país,família de indígenas se vê envolvida em uma guerra pelo controle de um negócio que destrói suas vidas e cultura.
-DÓLARES DE AREIA
(DOLARES DE ARENA)
REPUBLICA DOMINICANA;2015 Direção: Laura Amelia Guzmán, Israel Cárdenas;84 min
Elenco: Geraldine Chaplin, Yanet Mojica, Ricardo Ariel Toribio
Anne viaja de férias ao Caribe e se apaixona por uma jovem local que ganha a vida aplicando golpes em turistas. Anne é uma potencial vítima de Noeli, mas os sentimentos uma pela outra confundem a jovem


18/SETEMBRO
-A QUE DISTÂNCIA
(QUE TAN LEJOS)
EQUADOR;2006;Direção: Tania Hermida;92 min
Elenco: Cecilia Vallejo,Tania Martínez,Pancho Aguirre
Uma estudante equatoriana, Tristeza, e uma turista espanhola Esperanza encontram-se num ônibus no Equador. Devido à uma greve do transporte rodoviário, elas decidem pegar carona na estrada e descobrem novos lugares e perspectivas.
-MADEINUSA
(MADEINUSA)
PERU,2006 ;Direção:Claudia Llosa;100 min.
Elenco:Magaly Solier, Yiliana Chong, Carlos Juan De La Torre
Habitantes de uma aldeia peruana acreditam que Durante a Semana Santa os pecados não são vistos por Deus. A menina Madeinusa é escolhida para interpretar Virgem Maria na Semana Santa, se apaixona por Salvador e seu pai tenta impedi-lo de participar da festa


19/SETEMBRO
-NUMA ESCOLA DE HAVANA
(CONDUCTA)
CUBA; 2015;Direção: Ernesto Daranas Serrano;108 min 
Elenco: Armando Valdes Freire, Alina Rodriguez, Armando Miguel Gómez.
Chala é um garoto de 11 anos com uma vida familiar difícil e um comportamento problemático na escola. Sua professora Carmela, a única pessoa que ele respeita, se ausenta por motivos de saúde e a substituta o transfere para um internato. Ao voltar, Carmela tenta reverter a decisão, mas os compromissos que ela terá que assumir irão colocar os dois em risco.
-LA YUMA
(LA YUMA)
NICARÁGUA,2010;Direção:Florence Jaugey;90 min 
Elenco: Alma Blanco, Gabriel Benavides, Rigoberto Mayorga
Yuma mora em um bairro pobre de Manágua e quer se tornar uma boxeadora. Em meio aos treinos , Yuma conhece Ernesto , um estudante de jornalismo. Os dois se apaixonam de imediato, mas se deparam com muitos obstáculos para ficarem juntos. Um retrato de uma Nicarágua marcada pela desigualdade social.


25/SETEMBRO
-A JAULA DE OURO
( LA JAULA DE ORO)
GUATEMALA ;2013) ;Direção: Diego Quemada-Diez ;108 min
Elenco: Brandon López, Rodolfo Dominguez, Karen Martínez
Dois adolescentes guatemaltecos sem documentos viajam de trem.para os Estados Unidos procurando oportunidades de vida.No caminho, conhecem um indígena mexicano que não fala espanhol. Eles terão que se defender da polícia,da imigração e das gangues locais. 
-SETE CAIXAS
(SETE CAJAS)
PARAGUAI,2014 ;Direção: Juan Carlos Maneglia, Tana Schémbori;105 min.
Elenco: Celso Franco, Víctor Sosa, Lali González
Victor trabalha como porteiro em um mercado invadido pela pobreza. Ele quer comprar um celular, mas como não tem dinheiro, acaba aceitando fazer a entrega de sete caixas em troca de 100 dólares. A partir deste momento, passa a correr risco de de morrer.


26/SETEMBRO
-GIGANTE
(GIGANTE)
URUGUAI;2009 Direção: Adrian Biniez;90 min
Elenco: Leonor Svarcas, Carlos Lissardy, Fabiana Charlo
Jara é um tímido segurança de supermercado, que descobre Julia pelas câmeras de vigilância. Ela trabalha como faxineira e passa a ser acompanhada por Jara. Apaixonado por ela, o segurança passa a conduzir sua vida em torno da rotina de Julia e seu desejo em conhecê-la.
-POSTAIS DE LENINGRADO
(POSTALES DE LENINGRADO) 
VENEZUELA ;2008;Direção: Mariana Rondón;90 min
Elenco: Greisy Mena, Laureano Olivares, William Cifuentes
A jovem guerrilheira Marcela está na fase final de sua gravidez e precisa dar à luz clandestinamente. No entanto, o cuidado da mulher é anulado quando as fotos de sua filha, a primeira criança a nascer no dia das mães na Venezuela, são publicadas em todos os jornais do país.

quinta-feira, 27 de agosto de 2020

Últimas Conversas( Eduardo Coutinho;2015)

 






Apresentação do filme e texto por Asaph Beraldine (UJC;Coletivo Nós por Nós) 

ÚLTIMAS CONVERSAS

Dirigido por Eduardo Coutinho, esse filme traz um problema que se fazia presente em toda a sua obra: o embate com o real, como vencer a barreira que impede uma imagem, de uma fala, de encontrar a verdade. Eduardo Coutinho foi um dos mais renomados documentaristas brasileiros e, nesse último filme, entrevistou estudantes do último ano de escolas públicas do Rio de Janeiro, tentando descobrir o que se passa na cabeça dessas pessoas, prestes a entrar na vida adulta. No entanto, após a morte do diretor, o próprio acabou virando personagem também, deixando mais claro do que nunca o processo de realização. E logo no início, é o próprio documentarista, sentado na cadeira destinada a seus entrevistados, conversando com sua equipe sobre o que o incomodava no material que estavam captando. O trecho em que ele se queixa do resultado das entrevistas e reclama de que os adolescentes já vêm programados e não são verdadeiros em suas respostas só entrou na montagem final devido à morte inesperada do realizador, antes que o filme estivesse pronto.
No entanto, poucas vezes se pode ver um filme tratar de tantos temas diferentes com naturalidade. Últimasconversas, fala de racismo, cotas, homossexualidade, prostituição,pais ausentes, abuso sexual, bullying e religião, sem soar como se fosse planejada aquelas falas e com isso fica muito real tudo que expressado. Esses temas estão ali porque são parte da vida, porque surgem nas conversas conduzidas por Coutinho. Não há uma tentativa de dissertar sobre eles e chegar a conclusões, apenas de perceber como eles permeiam a vida dos estudantes entrevistados.
Se tem uma coisa que esse filme destrói é o mito de que adolescentes são todos iguais. Mesmo que tenhamos acesso apenas às entrevistas de cerca de dez estudantes, podemos perceber ali pessoas completamente diferentes, com pensamentos por vezes até opostos. Uma menina bate no peito para falar que vai usar sim as cotas para entrar na faculdade, porque lá só tem branco e é o direito dela. Uma outra, logo em seguida, diz que é contra as medidas afirmativas e que não fará uso delas. Não cabe ao filme julgar quem está certa, e sim mostrar que esses dois pensamentos podem existir ali, no mesmo lugar. 
Um dos grandes méritos do filme, aliás, são os jovens que foram escolhidos para estar em frente às câmeras. São estudantes de escola pública, em sua maioria meninas, em sua maioria negras. Quantas vezes essas pessoas têm a oportunidade de contar suas histórias, sonhos e aflições nas telas do cinema? É claro que há a mediação do diretor – muito afastado desse universo – e de sua equipe, mas, mesmo assim, é um feito raro no cinema.
Se por um lado, a experiência de Eduardo Coutinho atrás das câmeras traz uma grande habilidade de extrair falas interessantes dos entrevistados, por outro, a grande diferença entre ele e os adolescentes (de idade, geração, classe social, vivência) nos deixa com vontade de – sem descartar o filme que já foi feito – assistir a um novo.



quarta-feira, 12 de agosto de 2020

SESSÃO CFCAM : PARASITA (Bong Joon-Ho;2019)

                                                                                    

    

                                                                             

Apresentação do filme: Anna Luiza Costa(CFCAM-Nova Friburgo/RJ)

segunda-feira, 10 de agosto de 2020

Deus e o Diabo na Terra do Sol( Glauber Rocha;1964)

 

                                                                             

Cinema Novo (Erik Rocha;2016)

                                                                                     

                                                                                   

quarta-feira, 5 de agosto de 2020

SESSÃO CFCAM : GONZAGA - DE PAI PARA FILHO (Breno Silveira;2012)

 
           
    
                                    
                                
Apresentação do filme : Anna Luiza Costa (CFCAM-Nova Friburgo/RJ)

sábado, 20 de junho de 2020

SESSÃO CFCAM : O SONHO DE WADJDA( Haifaa al-Mansour,2012)

                                                                        21/06/2020


Apresentação do filme : Anna Luiza Costa(CFCAM)

quinta-feira, 18 de junho de 2020

A Falecida( Leon Hirszman,1965)




A Estrada da Vida ( Federico Fellini,1954)



Texto: Joaquim Ferreira

FELLINI 100 ANOS- 10 FILMES / A ESTRADA DA VIDA

A mostra inicia-se com a exibição do filme  "A Estrada da Vida", La Strada ,  produção de 1954 . É  o primeiro grande sucesso de Federico Fellini . O detalhe curioso é que o filme  obteve uma recepção desfavorável na época do lançamento. 
O filme  recebeu diversos prêmios de  melhor filme, como  o Leão de Prata de Veneza e o Oscar  em 1957  na categoria melhor filme estrangeiro.sendo este  primeiro dos quatro oscars do diretor 
A sinopse de a estrada da vida, é ambientada na Itália do pós-guerra,  decadente e pobre 
Narra  a história da humilde  Gelsomina  , vendida por sua mãe para Zampano , vivido por Anthony Quinn,  artista de circo que vive em sua carroça fazendo pequenos shows em vilarejos, normalmente envolvendo força bruta,
Os dois passam a viajar e viver juntos e a moça é amada e maltratada pelo homem bruto em uma relação conturbada, que reflete a sua própria vida
Não há muitos diálogos – nem ele, Zampano, nem ela, Gelsomina, são de falar muito. São pessoas extremamente simples, rudes, que não tiveram educação formal, se não se expressam com desenvoltura através das palavras, deixam transparecer, no entanto, tudo o que sentem, o festival de sentimentos, de emoções, que toma conta deles, pelas expressões do rosto, do corpo não poderia haver situação mais apropriada para o cinema. 
Assim, os contrastes no filme são marcantes :fragilidade x força bruta, inocência x malícia, sonhos x realidade. Apresenta personagens como símbolos da luta para a recomposição moral da humanidade. Obsessões fellinianas presentes em toda a sua obra posterior: o circo
 Giulietta Masina, tem uma atuação absolutamente genial,diria até que  sua Gelsomina é uma espécie de versão feminina de Carlitos de Chaplin : sabemos que ela é o que representa sem que seja necessária uma só palavra.
E no final do filme, ao usar a câmera Fellini  passa a  ambigüidade  desse personagem tão terreno,tão maltratado pela vida e assim,  algumas  perguntas ficam para o espectador pensar.
Zampanò ama ou não ama Gelsomina? Ele está mesmo arrependido do que fez? Entende o que ele é?

FELLINI 100 AN0S - 10 FILMES



Texto : Joaquim Ferreira


Nascido em janeiro de 1920, o diretor realizou, de 1945 até 1992 – um ano antes de falecer aos 73 anos– uma das filmografias mais amplas e ricas da história do cinema. 
Fellini  é reconhecido como um dos  mais influentes cineastas de todos os tempos . Foi também  influenciado por outros nomes importantes do cinema como Buñuel, Chaplin, Eisenstein, por exemplo E no seu centenário de Fellini, , o Lumiere apresentará  uma série de 10 filmes do diretor ,nos seus  100 anos.  É uma escolha pessoal e portanto subjetiva. Mas acredito que os filmes escolhidos apresentem  os aspectos marcantes e construtores  da obra da cinematografia  felliniana,  enfatizando as suas principais mudanças estéticas.
Antes de assumir a direção, Fellini foi cartunista e roteirista de rádio e cinema. Em 1945 colaborou no roteiro do filme inaugural do neorrealismo italiano Roma, cidade aberta, de Roberto Rossellini. 
Os longas-metragens dos anos 1950 - Os boas-vidas (1953), A estrada da vida (1954) e Noites de Cabíria (1957) - vão revelar a construção inicial de sua narratividade, oscilando entre a comédia de costumes e o realismo crítico
Aparentemente sua obra  começa no neorrealismo  De fato, suas primeiras produções datam dos anos 1950, no contexto da Itália do pós-guerra . Porem, ele nunca foi filiado ao movimento, embora tenha sido um dos roteiristas e também diretor-assistente de “Roma, Cidade Aberta”, de Roberto Rossellini., marco do cinema  neo realista italiano . Foi acusado de traidor do próprio movimento pelos críticos.Respondendo aos críticos,  Fellini afirmou  que as produções neo-realistas não abordavam apenas os temas sociais, mas  também os espirituais e metafísicos. Daí , o termo “Felliniano'  classifica sua obra e faz do exagero, do delírio e do bizarro suas marcas registradas. constrói  uma poética extremamente pessoal, contra balançando    varias   tensões, entre aspectos da vida social  tais como o  paganismo e o catolicismo, o hedonismo e consciência moral, a tradição e a modernidade  muito vinculados ao seu   fascínio e  perplexidade e ao mesmo  tempo o seu horror   a modernidade urbana e cosmopolita .Alguns analistas  da obra  de Fellini afirmam  que ele nunca deixou de ser um provinciano
Outro elemento importante na constituição da estética felliniana    foi  a utilização do sonho , da fantasia  e  da imaginação e do inconsciente complexidade do homem moderno, seus sonhos e sua alma.   como elementos possíveis e necessários  para enxergar e entender a realidade  complementando o  conhecimento global de mundo . No início da decada de 1960, Fellini aproxima-se da obra do psicanalista Carl Gustav Jung e usa   elementos da  teoria psicanálise de Jung como o arquétipos e do  inconsciente  coletivo  La Dolce Vita, e Oito Meio,  filmes que serão exibidos por aqui,   são exemplos da  utilização por Fellini desse elementos  quer mudaram definitivamente seu  processo criativo .
A de se destacar também  a sua adoração pelo sexo feminino :  as prostitutas, as mães, as mulheres símbolos sexuais e também a submissão da mulher ao homem.- Amarcord é um exemplo sobre isso também.
Em sua trajetória, contou com nomes que também ficariam marcados na historiografia do cinema. Teve o grande compositor Nino Rota como recorrente autor de suas trilhas sonoras. Também teve, delimitando bem a questão dramatúrgica ,  o rosto de Marcello Mastroianni e Giuleta  Massina Mastroianni era tido por muitos como o alter ego de Fellini.