sexta-feira, 30 de agosto de 2019

CICLO DE FILMES "GRANDES DIRETORES" - ORSON WELLES


Em setembro, o Ciclo de Filmes "Grandes Diretores" entrará no seu segundo mês. Desta vez, o Lumière destacará a obra do cineasta norte-americano Orson Welles.
Essa série de exibições tem como objetivo aprofundar o gosto pelo cinema através de sua história , o processo de criação de cada diretor e sua biografia , seus aspectos técnicos, estéticos, dentre outros . As exibições serão precedidas por uma breve exposição de cada curador sobre o diretor e os filmes selecionados para o ciclo.Curadoria e apresentação: Mário Massena.
Ciclos de Filmes "Grandes Diretores" , Orson Welles ,setembro, terças- feiras, 18 horas, na Euterpe Lumiarense.

domingo, 25 de agosto de 2019

CICLO DE FILMES "GRANDES DIRETORES " - Os Pássaros(1963 ; Alfred Hitchcock)


Indicação, apresentação do filme e texto: Reinaldo Silva




NÓS...OS PÁSSAROS!

              Por que os pássaros atacaram os seres humanos?

Antes de você ler este comentário sugiro que assista o vídeo acima. Imaginei o roteiro, mas sem a habilidade e aprimoramento do Joaquim na execução, a idéia original não seria aperfeiçoada.
O filme Os Pássaros, baseado na novela The Birds de Daphane du Maurier, merece destaque dentre todos os demais que Hitchcock dirigiu e produziu. Em primeiro lugar porque foi um rompimento com a diferença por ele formulada e defendida em relação aos gêneros suspense e terror. E em segundo lugar pela inédita criatividade técnica utilizada. Como foi dito nos textos anteriores, Hitchcock em várias entrevistas, afirmou que o suspense era gênero de filme com o qual se identificava. Mas, não é isso que assistimos no filme Os Pássaros. Existe uma íntima aproximação entre suspense e terror, e em algumas cenas o predomínio do terror é evidente. Em seus filmes Hitchcock tentava contrabalançar, fazendo uso de um certo “humor negro” entre as cenas de maior impacto visual. No decorrer do filme assistimos várias situações desse tipo. 
Há 56 anos (o filme é de 1963) um gigantesco e agressivo ataque de pássaros enfurecidos contra indefesos seres humanos, mudou a história do cinema e revelou ao público a capacidade latente de vingança, classificada por Frederico Fellini como um “poema apocalíptico”. Essa foi uma das interpretações que o filme de Hitchocock recebeu, seguida de análises filosóficas, psicanalíticas, políticas e científicas.
Em entrevista a Maurice Séveno em 1962, resumiu assim Hitchcock, seis meses antes do filme estrear na França: “A história diz respeito ao fato de que os pássaros ... estão cansados de serem mortos, depenados, aprisionados e comidos pelos homem. então decidem se vingar. Um dia se agrupam e mergulham sobre as pessoas num pequeno vilarejo”. Temos aí uma declaração irônica ao estilo de Hitchcock, que condiz com o proposta central do filme.
O filme Os Pássaros é uma fantasia construida com os recursos técnicos avançados para época, que até hoje despertam curiosidade. Foram utilizadas aves mecânicas manipuladas por fios, negativos do filme foram pintados com desenhos de aves e sobrepostos antes da edição final, e em sua maioria os pássaros utilizados na filmagem eram autênticos e treinados. Hitchcock utilizou inúmeros desenhos detalhados feitos a mão sobre os enquadramentos, contendo cada detalhe das cenas que desejava filmar (storyboards), orientando o elenco sobre como deveriam atuar em determinado momento para obter com as encenações, o “realismo” que julgava apropriado. Muitos detalhes sobre a criatividade técnica e visual de Hitchcock é desconhecida, e outros que só foram conhecidos e esclarecidos somente após década, como podemos verificar no livro de entrevistas Hitchcock/Truffaut.
O filme foi indicado ao Oscar de 1964 na categoria efeitos especiais, venceu na categoria mais promissora (Tippi Hedren) do Globo de Ouro, e foi indicado para o Prêmio Edgar Allan Poe na categoria de melhor filme. 
Reinaldo


sexta-feira, 16 de agosto de 2019

CICLO DE FILMES "GRANDES DIRETORES " - Psicose (Alfred Hitchcock;1960)



Indicação e,apresentação do filme e texto : Reinaldo Silva


                           Qual o filme de Hitchcock que você mais gosta?

No meu caso responder essa pergunta é um desafio, porque Hitchcock é (junto com Charles Chaplin) um dos maiores cineasta que admiro. Os dois foram decisivos para arte cinematográfica. Ambos inovaram a maneira de conceber um filme, influenciaram gerações futuras de diretores e mobilizaram a emoção do público. Técnica e criatividade caminhavam juntas. Por isso não consigo responder a pergunta que formulei.
Sobre o título do Filme (*veja também informações no final do texto)
Sem aprofundar  o conceito Psicose, mais conhecido atualmente como Esquizofrenia,  é um diagnóstico aplicado aos indivíduos que apresentam um quadro de confusão mental e alucinações, ou seja, alterações de caráter subjetivo,  súbita alteração no comportamento, refletindo na convivência familiar e social. Geralmente, o tratamento é feito por intermédio de terapia e ingestão de medicamentos conhecidos como psicotrópicos. Há entre as várias corrente da psicanálise e psiquiatria a polêmica sobre a origem e maneiras terapeuticas de tratamento da Psicose. Acredito que seja o dado elementar que precisamos saber sobre a personagem Norman Bates, vivido por Anthony Perkins.
No livro de entrevistas escrito por Truffaut (HitchcockTruffaut), Hitchcock declara sentir muito orgulho do filme, porque no seu entender ele pertencia a todos os cineastas, mais do que todos os filmes que até então tinha feito. Segundo o filme baseado no livro Alfred Hitchcock e os Bastidores de Psicose (Stephen Rebello-1990, 2012-também roteirista deste filme), Psicose enfrentou grandes dificuldades para convencer os produtores a financiar o filme e a censura do Estados Unidos da época a liberá-lo sem cortes. Relata Hitchcock para Truffaut:
“Eu não conseguiria ter com ninguém uma verdadeira discussão sobre esse filme nos termos que estamos tendo que estamos empregando neste momento. As pessoas dirão que não era uma coisa para se filmar, o tema era horroroso, os protagonistas eram pequenos, nao havia personagens ...”
Porém, nada demoliu Hitchcock a fazer o filme. Não tendo conseguido quem o produzisse, Hitchcock hipotecou sua casa para financiar os custos da produção. Outro motivo era o descrédito da grande maioria que o cercava sobre a possibilidade do livro Psicose vir a ser uma estória cinematográfica compatível com o estilo de Hitchcock, ainda mais se fosse filmada em preto e branco, como ele desejava. E para aumentar ainda mais a dificuldade pesava ainda o fracasso de bilheteria do seu filme anterior, Um Corpo que Cai de 1958. Declara Hitchcock sobre o filme Psicose:
“A construção desse filme é muito interessante e é minha experiência mais apaixonante de jogo com público, alimentar o voyeurismo do público, preparação do público para a cena. O público presta tanta atenção ao diálogo que não pensa mais no que a câmera está fazendo ....”.  
A satisfação de Hitchcock sempre foi agir sobre a emoção do público por intermédio de seus filmes. E ele perseguiu esse fundamento até seu último filme (Trama Macabra, 1976).O que lhe importava era fazer da montagem dos fragmentos do filme (fotografia, trilha sonora e tudo que é puramente técnico) a estratégia para mobilizar o público. O filme custou oitocentos mil dólares e havia rendido em pouco tempo aproximadamente 13 milhões de dólares. Imagina-se que nos anos subsequentes iria arrecadar mais de 40 milhões de dólares. Foi o maior sucesso financeiro de Hitchcock.
A cena do crime no chuveiro do banheiro(Ver vídeo abaixo), acompanhada de sua trilha sonora talvez seja a mais assistida e comentada da estória do cinema, citada e analisada em artigos por críticos do cinema sempre quando comentam o filme, serviu de inspiração para vários outros filmes e da série de TV chamada Bates Hotel. A cena tem a duração de 45 segundos, levou 7 dias para ser concluída e na sua montagem foram utilizadas  70 posições de câmara. O perfeccionismo de Hitchcock fica evidente em inúmeras tomadas dos enquadramento dos planos, os movimentos da câmara, a montagem cirúrgica na seleção e edição das cenas, o ritmo tenso da narrativa, a influência fundamental da trilha sonora e a exigência na repetição das cenas com o elenco dos seus filmes.
Para mim a construção do suspense do filme Psicose é totalmente diferente dos filmes que Hitchcock havia feito até aquela data. Por exemplo, sua regra na diferenciação entre terror e suspense não foi por ele seguida, uma vez que a surpresa da ação do gênero de filmes de terror vai de encontro com o suspense, que ele definiu como sua preferência. Ele justificou dizendo “que estava tentando acompanhar a mudança no gosto do público”.
Curtam mais esse extraordinário filme do " Mestre do Suspense".
Abraço
Reinaldo
Produção e Direção: Alfred Hitchcock; Distribuição: Paramount, 1960; Roteiro adaptado do romance de Robert Bloch; Efeitos Especiais Fotográficos: Clarence Champagne; Cenário: Joseph Hurley, Robert Claworthy e George Milo; Música Bernad Herrmann; Tempo de Duração: 109 minutos; Elenco: Anthony Perkins (Norman Bates); Janet Leigh (Marion Crane).
Bibliografia: HitchcockTruffaut, Companhia da Letras, ano 2008, páginas 268 a 287, seguida das fotos do filme.
VÍDEO
Hitchcock e a famosa cena do banheiro
Alma: sua importância pouco conhecida na vida de Hitchcock
Hitchcock vibra na estréia de Psicose
Hitchcock e Alma: um encontro após 30 anos
Hitchcock se despede e um corvo anuncia seu (e nosso) próximo filme





COMENTÁRIO:*
O comentário não foi feito no espaço  usual  pois o mesmo não suporta a publicação de imagens, necessárias para ilustrar o texto!


Cada exibição de um filme considerado como clássico , não se apresenta como da vez anterior.
Na ultima parte do filme Psicose ,o desfecho do caso de Norman  Bates não é criminalizado.As autoridades policiais ouvem paciente e atentamente  a exposição do psiquiatra sobre os distúrbios e a personalidade de Bates e nesse caso,  a originalidade  de Hitcchock supera seus perfil inovador mais técnico  técnica e ganha contornos humanistas e profetizantes ao indicar as disfunções mentais e psicológicas como relacionadas à questões criminais , antecipando-se a toda uma discussão  sobre essa postura que marcou as décadas de 1970 e 1980
Tive a impressão, em termos simbólicos , que o psiquiatra na sua exposição  é enquadrado pelas lentes de Hitchcock junto a um efeito de luz num plano um pouco acima  de sua cabeça, que lembra uma figura meio demoníaca, não negativa mas até  brincalhona( o humor hitchcockiniano) , inferido o combate do " bem" contra o "mal", do divino contra o terreno.





 Essas cenas parecem um contraposição à imagens muito presentes nos filmes  de julgamento  dos anos 1950 e início dos anos 1960 nos quais a cruz cristã sempre aparece um pouco acima do nível da cabeça do juízes  como se as decisões jurídicas e penais e  fossem obra do " divino" ou com a ajuda de Deus. Com efeito,  isso é um exemplo claro da mistura religião e política e suas implicações no Direito . Hitchock deixou para mim a impressão que se  os discursos  políticos  e religiosos criminalizam  mais do que inocentam, o conhecimento psicanalítico e a aplicação psiquiátrica tornam-se necessárias especialmente nos  dias de hoje para o melhor e mais eficaz conhecimento do individuo , da sociedade e as superações de seus problemas.
Pode ter sido impressão minha mas conforme dizem, de Hitchcock tudo se espera!

Joaquim Ferreira

As Vivencias do Maestro ( Maize Campos) + "CURTA " Chaplin


sábado, 10 de agosto de 2019

CICLO DE FILMES "GRANDES DIRETORES " - Um Corpo Que Cai (1958, Alfred Hitchcock)



Erotismo & Desejo, Fantasia, Fetichismo e Sadomasoquismo no filme  "Um Corpo Que Cai "(Vertigo)*

Destaco 3 filmes que apresentam elementos passíveis de análise pelos conceitos desenvolvidos pela Psicanálise: Esse Obscuro Objeto do Desejo e Um Corpo que Cai(Um Corpo Que Cai- Texto-1ª apresentação). Todos esses filmes já foram apresentados anteriormente no Lumière. Para fins de esclarecimento: não sou analista e nunca fui analisado. Escrevo esse comentário baseado no meu interesse pela leitura de textos da teoria psicanalítica, que venho fazendo desde o início da década de 1980.

Explicação preliminar para evitar Obscurantismo Moral
Não é minha intenção apresentar as diversas abordagens dos conceitos citados como título deste comentário. São conceitos importantes no campo da psicanálise. Por exemplo o símbolo & é um caractere usado para substituir a conjunção e, ou seja, o Erotismo está estreitamente relacionado ao desejo sexual, que por sua vez ressoa nos demais conceitos citados no título deste comentário. Geralmente, devido as questões morais, procura-se disfarçar a sexualidade humana, colocando em seu lugar a palavra Erotismo. Também por total desconhecimento da teoria psicanalítica, confunde-se sexualidade com sexo, a ponto de ouvirmos o absurdo de que, quando duas pessoas fazem sexo, estão fazendo Amor. Essa hipocrisia deriva de nossa formação cultural baseada no dogma cristão, que observa o ato sexual como pecado.
Um Corpo que Cai é um filme dividido em duas partes e sua apresentação é o que de mais belo vi no cinema

Primeira parte: 
O personagem de James Stewart (Scottie) é um detetive que vivenciando uma experiência dolorosa no alto de um prédio, descobre que sofre de acrofobia, isto é, medo de altura acompanhada de vertigens que o torna incapacitado para agir. Esse sintoma vem associado a culpa pela morte de um policial que tenta salvá-lo, quando ambos perseguem um criminoso. Tal acontecimento será também responsável por sua decisão de abandonar a carreira policial.
Desde do ínicio da apresentação do filme, o público é envolvido por um fluxo de imagens distorcidas, após verem em primeiro plano da tela a boca sensual de uma mulher (Kim Novak). São imagens coloridas que surgem juntamente com o título do filme do fundo de um olho deste rosto de mulher em formas de espirais e de ventoinhas, forjando a sensação produzida por uma hipnose, em movimentos de um para o outro da tela onde predominam tons brilhantes das cores vermelho, verde, azul e amarelo. A intensidade da música capta os movimentos ascendentes e descendentes das duas linhas melódicas, cuja função é ressaltar o sentimento de mistério e suspense da narrativa que o público irá assistir em seguida.
Scottie será a vítima de uma trama arquitetada por um empresário (que conheceu na época de estudante!, e por sua amante Madeleine (personagem de Kim Novak). O empresário, pretende matar sua esposa para se apoderar de sua riqueza. Mente para Scottie dizendo que Madeleine é sua esposa, reforçando a mentira numa cena em que Scottie a vê acompanhada do empresário num restaurante. A trama envolve a experiência de uma parente de longa data de Madeleine de nome Carlota, que cometeu suicídio, devido a uma relação afetiva traumatizante. O espírito da falecida reencarna em Madeleine. O empresário, contrata os serviços de Scottie porque sabe que ele sofre de acrofobia. Simula que Madeleine corre perigo de vida, narrando uma estória e citando fatos que Scottie constata ter ocorrido ao consultar uma fonte que conhece a estória de Carlota.
O que o empresário e sua amante não previram é que Scottie irá se apaixonar intensamente por Madeleine, uma paixão fetichista. O fetichismo na versão do ocultismo refere-se ao culto de objetos que supõe representarem entidades espirituais e possuírem poderes mágicos. Já para a Psicanálise, o fetichismo é o desejo sexual não pelo corpo da pessoa, mas por uma parte deste, ou de um objeto de seu uso particular. Pode ser também o desejo sexual pela imagem de um corpo ou por perfume específico. É importante assinalar que o prazer de uma pessoa fetichista decorre da exigência que ela possui na realização do ideal de sua fantasia. Sem alcançar essa exigência, o(a) fetichista se frustra e geralmente é tomado pela angústia.
A cena em que Scottie vê Madeleine no restaurante e as subsequentes, aprofundam a paixão que ele não conseguirá controlar. Madeleine indefesa solicitando-o proteção. Scottie seu terapeuta. Madeleine salva por ele. Ele, responsável por tudo que possa acontecer a Madeleine. A trama chega ao ápice e Madeleine morre para reencarnar em Judy. Fim da primeira parte: 

Segunda parte: 
Após sofrer uma crise depressiva com direito a internação em clínica psiquiátrica, Scottie vive em clima de luto e desenvolve uma obsessão: encontrar Madeleine. E realmente a encontra, mas como Judy. Um nome que lembra Madeleine.
E nesta parte do filme que Scottie deixa claro o seu fetichismo por uma imagem envolvida num modelo que mistura a cor de cabelo e o detalhe do formato do coque que o acompanha, o vestido, o sapato na cor específica, ou seja, Scottie quer recriar Madeleine, transformar Judy em Madeleine. E para nossa surpresa, descobrimos que Judy, quando simulou se Madeleine, acabou se apaixonando por Scottie. É a partir deste momento que as cenas passam a demonstrar uma relação sadomaquista entre eles. O sadomasoquismo é a junção de interesses entre quem age para praticar uma dor, não necessariamente física, e de quem concorda em ser o alvo das ações que causam dor. A cena em que Judy sai do quarto transformada em Madeleine é sem dúvida a materialização da reencarnação. É puro milagre da arte cinematográfica defendida e praticada por Hitchcock. Mas ainda falta um detalhe. Esse detalhe irá despertar Scottie do seu fetichismo, e também será o início da cura de sua acrofobia.
Neste painel que apresentei lançando conceitos da teoria psicanalítica para comentar o filme, sinto que irá faltar explicações complementares sobre a minha leitura. Mas, você que leu até o final, e se for assistir o filme, podemos nos encontrar para um bate papo. Mas se não for pode deixar seu comentário


Reinaldo Silva


*Produção Alfred Hitchcock, Paramont, 1958 Direção: Alfred Hitchcock Música: Bernard Herrmann Cores Tecnicolor Efeitos Especiais John Fulton Cenário Hal Pereira, Henry Bumstead, Sam Comer e Frank McKelvey Fotografia Robert Burks, A.S.C.

sexta-feira, 9 de agosto de 2019

Faça a Coisa Certa (Spike Lee;1989)




Indicação ,apresentação do filme e texto : Joaquim Ferreira

TRINTA ANOS DE   "FAÇA A COISA CERTA": O QUE MUDOU


Na história do cinema percebemos a existência dos chamados filmes e diretores clássicos, importantes nas  inovações técnicas,nas abordagens ,na perfeita utilização da música,  na constituição dos roteiros, no ritmo interpretativo e na contemporaneidade das obras. É assim com a obra com Chaplin, Hitchcock, Bergman ,Glauber Rocha, Truffaut,Orson Welles, Kubrick, dentre outros,que criaram uma "marca" no estilo de dirigir filmes. Diretores  mais atuais  que ainda atuam. e não tiveram seu ciclo profissional encerrado talvez necessitem da interação com o tempo histórico e social para que as repercussões de sua obra  adquiram contemporaneidade e  consolidem seu trabalho na direção  da categoria  de diretores clássicos.  A escolha pela exibição de "Faça a Coisa a Certa" foi definida sobretudo  pela necessidade de se discutir a questão dos clássicos do cinema" . Nesse caso , destaco  o diretor norte-americano Spike Lee.
Nascido Shelton Jackson Lee  em 1957  em Atlanta, sul dos EUA, numa época  e local marcados  pelo preconceito racial, Spike mudou-se com sua família, ainda menino , para o Brooklin, Nova Iorque onde desenvolveu sua consciência social. Quando jovem Spike Lee militou no movimento de Direitos Civis e concluiu a faculdade de Cinema na década de 1980. Aluno da Universidade de Nova York, Lee assumiu posições  em defesa das vítimas negras do racismo, ao lançar curtas  sobre o tema  , também  como requisito para a sua graduação .Essa produção inicial indicava o viés  de um   cinema mais político  e militante  pelo qual Spike Lee marcou  sua carreira.
Transitando por esquemas independentes de produção , realiza em 1989 o que é considerado seu filme mais importante, " Faça a Coisa Certa" (Do The Right Thing) 1  , mesmo com a realização posterior de "Malcom X" , "Febre da Selva" e o mais recente, " Infiltrado na Klan" 2 . Com "Faça a Coisa Certa", Spike  Lee propõe superar "discussões brancas" sobre a população negra, incluindo a  repercussão do filme  "Mississippi  em Chamas" de Alan  Parker lançado no fim de 1988, criticado por muitos pela sua "ficcionalização" da história real.  O título de " Faça a Coisa Certa" vem de uma  citação de Malcolm X: "You've got to do the right thing", importante personagem para a formação  de Spike Lee e  rendeu ao diretor  uma indicação ao  Oscar por melhor roteiro original . 
Fazendo a coisa certa?
O filme  conta a história da tensão racial em  Bedford-Stuyvesant (também conhecido como Bed-Stuy) , bairro central do  distrito Brooklyn, Nova Iorque. Num  dia quente de verão ,num  bairro onde a maioria da população é negra, Buggin Out, um ativista, exige que Sal, dono de uma pizzaria local , troque as fotos de seus ídolos brancos  do local por fotos de ídolos negros. Sal  tem uma parede, o Wall of Fame  cheia de pôsteres  de artistas  ítalo-americanos:  Frank Sinatra, Robert De Niro (aliás convidado para desempenhar o papel de Sal, no filme ) , John Travolta, Liza Minnelli,Sophia Loren , Al Pacino, Joe Di Maggio 3 ,dentre outros .  Quando tem seu pedido negado, o ativista passa a organizar um boicote contra a pizzaria de Sal. 
O diretor quer discutir a tensão racial  e simbolismos  apresentados no desenrolar do filme  tornam cada vez mais tênue o fio entre tolerância X intolerância confrontados diariamente no entra e sai da pizzaria, que aumenta a tensão tanto quanto o calor do Verão de 88 4 . Nesse sentido, é simbólico também   o tenso dialogo(47 min, de filme) com amplo palavrório pejorativo  entre personagens representantes  de diferentes grupos étnicos . E a calma exigida  pelo apresentador da Radio Amor ( papel  de Samuel L. Jackson que na época apresentava-se como Sam Jackson) suaviza as cena mais tensas com seu programa de rádio. Importante destacar que  o apresentador observa tudo, mediando  conflitos de dentro da cabine mas  protegido pelo vidro da estação de rádio.  Contudo, como resposta  aos quadros dos ítalo-americanos da pizzaria,  o apresentador enuncia uma extensa lista de músicos negros agradecendo aos músicos  " por tornarem a  vida... ainda melhor."
A escolha certa vai se apresentando!
Os planos pelas ruas de Bed-Stuy  junto ao uso de cores fortes na tela, excelente recurso técnico,  acompanhando a trajetória de Mookie ,focalizam vários personagens do filme ao mesmo tempo como se quisesse unir aquela comunidade e não destacar protagonistas . 
A  música do Public Enemy  que saí  da boombox  de   Radio Heem e seu par de socos ingleses com as  palavras “LOVE” e “HATE”, parece  um mantra com todo volume pentecostal - Fight the power, Fight the power., Lute Contra o Poder - ,  versos que são  uma espécie de rastilho de pólvora que termina no incêndio da pizzaria de Sal depois que o rádio é quebrado por Sal. Afirma a letra : "Elvis era um herói para a maioria mas ele nunca significou nada para mim, veja, Da direita, racista, que otário ele era simples e puro .Fodam-se ele e John Wayne" . 
Que protagonista poderia escolher a "coisa certa"?
Destaque para outros personagens como o Da Mayor e Mother Sister , o gago  Smiley e o comerciante sul-coreano .
Da Mayor ,representado por  Ossie Davis,  foi um dos principais ativistas pelos direitos civis na década de 1960. Participou dos funerais de Luther King e de Malcolm X no qual fez  veemente discurso antirracismo . Da Mayor e também  Mother Sister ( representados respectivamente por  Ossie Davis e Ruby Dee ,que foram casados na vida real) )  são personagens que representam consciências pelo   acumulo  de conhecimentos,  vivencias políticas e históricas que faltam para responder a questão e escolher a coisa certa. Eles sugerem personagens que sofreram a discriminação em épocas passadas, provavelmente nos anos 1960 e que , possível, moldaram suas consciências junto as suas  existências problemáticas com os exemplos  de Malcom-X  e Luther King, Para alguns moradores do Brooklyn são respeitados,enquanto que para outros, não passam de figuras ultrapassadas como mostra  a cena em  que Da Mayor  é  insultado por um grupo  de jovens ativistas . São representados , a meu ver, para unir as tendências que tentam superar o racismo equilibrando os exemplos  de Malcom-X  e Luther King.Mas como é necessário um longo caminho pedagogico para essa conscientização, essas tendências oscilam simbolicamente  na figura de Smiley  (interpretado por Roger Guenveur Smith), o gago que tenta vender fotos em preto-e-branco de Martin Luther King e Malcolm X coloridas à mão como se fosse uma panfletagem permanente.Aqui, a meu ver  uma tendência de Sipke Lee para  fazer a coisa certa:  Malcom-X.
Importante destacar também a figura do comerciante sul-coreano.Além  de certa incomunicabilidade   idiomática (a cena da compra das  pilhas por Radio Heem), ele reage diante da aproximação dos negros no momento do incêndio da pizzaria de Sal, de forma ambígua: (mais ou menos com   1h40min de filme). Percebendo talvez  uma invasão a sua loja , o sul-coreano afirma que é negro( black) diante da perplexidade de outros negros com seu estabelecimento em close em frente  a pizzaria em chamas de Sal
 -Eu não branco!-Eu não branco! Eu preto!- O quê?
- Eu preto!-Eu preto! Preto, onde? Eu preto.
-Mim preto. Você, eu, iguais.- Nós iguais.- Iguais? Eu preto.
-Abra os olhos, *chinês!(na fala  original *"mother fucker")
-Deixe os coreanos em paz.Ele é legal.
Ou na realidade  o uso autorreferencial da palavra  black  pela  percepção de também ser excluído. Afinal trata-se de grupo étnico também discriminado . Nessa perspectiva,  destaque para um indicativo processo de gentrificação quando o vendedor  latino de gelo colorido perde seu espaço em uma cena quando o caminhão de sorvete entra pelas ruas do bairro.
O dia esquenta cada vez mais e o calor do incêndio  explode de vez a questão racial. Resta a noite para aplacar o incêndio e apresentar o saldo trágico: a morte de  Rádio Heen pela policia, como se Spike Lee  profetizasse Rodney King 5 . 
Spike Lee questiona  como integrar , mas ele  próprio, na figura de Mookie, até então o entregador de pizzas com transito tranqüilo entre os vários grupos e indivíduos, inicia o ataque a pizzaria de Sal.  Mas como não há rígido destaque de protagonistas, quem  fez a coisa certa? A comunidade que precisa do exemplo de Mookie?
Nos créditos finas, importante notar  as citações de Martin Luther King e Malcom X que sugerem   a escolha da coisa certa. Acredito que a escolha de Lee foi dirigida para Malcom X e a violência com autodefesa e não como ataque .Afinal a violência simbólica  da pizzaria de Sal e sua reação permeia a idéia do filme.
Nos créditos finais também, é importante notar a dedicatória as famílias  de negros mortos pela policia em conflitos raciais na década de 1980 nos EUA: Michael Griffit, Edmund Perry, Yvonne Smallwood ,Michael Stewart e  Eleanor Bumpers ,os dois últimos citados como palavras de ordens e exemplos durante o filme,. 
Por tudo isso, qual seria a coisa certa a fazer nos dias de hoje face a discriminação , a exclusão social vivenciada pelos grupos étnicos   não só na sociedade americana mas também em todo o mundo?

[1] Título original: Do the Right Thing - 120 min. Elenco: Danny Aiello – Sal;Ossie Davis – Da Mayor ;Ruby Dee – Mother Sister;Richard Edson – Vito Giancarlo Esposito – Buggin Out;Spike Lee – Mookie;Bill Nunn – Radio Raheem ;Samuel L. Jackson- Mister Love Daddy;John Savage- Clifton;Martin Lawrence- Cee

 [2] FILMOGRAFIA DE SPIKE LEE: 2019 - A gente se vê ontem (tv) 2018 - Infiltrado na Klan 2017 - Ela quer tudo (She's Gotta Have It) (Série) 2015 - Chi-raq 2014 - Eminem — Headlights (videoclipe) 2013 - Oldboy (remake) 2012 - Michael Jackson — Bad ;2012 - Go Brazil Go! 2012 - Verão em Red Hook 2009 - Miracle at St. Anna 2006 - O Plano Perfeito 2005 - Quando os diques se rompem: Um réquiem em quatro atos (When the leeves broke: A réquiem in four acts) 2005 - Crianças Invisíveis (All the Invisible Children) 2005 - Jesus children of America 2005 - Miracle's boys (TV) 2004 - Sucker Free City (TV) 2004 - Elas me Odeiam, Mas me Querem  2002 - A Última Noite 2002 - Ten minutes older: The trumpet 2002 - Jim Brown all American 2001 - Come rain or come shine 2001 - The Concert for New York City (TV) 2001 - A Huey P. Newton Story (TV) 2000 - A Hora do Show (Bamboozled) 2000 - The Original Kings of Comedy 1999 - O Verão de Sam 1998 - Freak (TV) 1998 - Jogada Decisiva 1997 - 4 Little Girls (Documentário) 1996 - Todos a Bordo 1996 - The fine art of separating people from their money 1996 - Garota 6 1995 - Lumière et Compagnie 1995 - Irmãos de Sangue 1994 - Uma Família de Pernas pro Ar 1992 - Malcolm X  1991 - Febre da Selva 1990 - Mais e Melhores Blues 1989 - Faça a Coisa Certa 1986 - Ela quer tudo (She's Gotta Have It) 1983 - Joe's Bed-Stuy Barbershop: We Cut Heads(projeto de graduação) 1981 - Sarah  1980 - The answer 1977 - Last hustle in Brooklyn

 [3] Referencia à seca de 19988 em Nova York que produziu muitos estragos econômicos  e ambientais.

 [4] Observa-se também , perto da caixa registradora de Sal  ,um pequeno quadro  com a foto do   antigo Papa Paulo VI, Giovanni Montini,  italiano. Paulo  VI faleceu em 1978 e o filme é de 1989 !

 [5]Rodney  King foi um trabalhador de construção civil afro-americano. Na noite de 3 de março de 1991, sob acusação de dirigir em alta velocidade, foi detido e violentamente espancado pela polícia de Los Angeles. O julgamento e absolvição dos agentes policiais envolvidos provocou os violentos tumultos de Los Angeles de 1992. A cena, registrada em vídeo  correu o mundo. A absolvição dos policiais, em 1992, por um júri formado por dez brancos, um negro e um asiático, provocou uma das maiores ondas de violência da  da Califórnia. Foram três dias de confrontos, incêndios, saques, depredações e uma onda de crimes que causaram 58 mortes, deixaram mais de 2800 feridos, destruíram 3.100 estabelecimentos comerciais e causaram prejuízos estimados em mais de 1 bilhão de dólares.


Dá Para Fazer( 2008, Giulio Manfredonia)



Indicação do filme : Romina Carvalho
Apresentação do filme: Anita Fabbri

QUEM FOI FRANCO BASAGLIA?

Franco Basaglia era médico e psiquiatra, e foi o precursor do movimento de reforma psiquiátrica italiano conhecido como Psiquiatria Democrática. Nasceu no ano de 1924 em Veneza, Itália, e faleceu em 1980.
Após a 2ª Guerra Mundial, depois de 12 anos de carreira acadêmica na Faculdade de Medicina de Padova, ingressou no Hospital Psiquiátrico de Gorizia.
No ano de 1961, quando assumiu a direção do hospital, iniciou mudanças com o objetivo de transformá-lo em uma comunidade terapêutica. Sua primeira atitude foi melhorar as condições de hospedaria e o cuidado técnico aos internos em Gorizia.
Porém, à medida que se defrontava com a miséria humana criada pelas condições do hospital, percebia que uma simples humanização deste não seria suficiente. Ele notou que eram necessárias transformações profundas tanto no modelo de assistência psiquiátrica quanto nas relações entre a sociedade e a loucura.
Basaglia criticava a postura tradicional da cultura médica, que transformava o indivíduo e seu corpo em meros objetos de intervenção clínica. No campo das relações entre a sociedade e a loucura, ele assumia uma posição crítica para com a psiquiatria clássica e hospitalar, por esta se centrar no princípio do isolamento do louco (a internação como modelo de tratamento), sendo portanto excludente e repressora.
Após a leitura da obra do filósofo francês Michel Foucault "História da Loucura na Idade Clássica", Basaglia formulou a "negação da psiquiatria" como discurso e prática hegemônicos sobre a loucura. Ele não pretendia acabar com a psiquiatria, mas considerava que apenas a psiquiatria não era capaz de dar conta do fenômeno complexo que é a loucura.
O sujeito acometido da loucura, para ele, possui outras necessidades que a prática psiquiátrica não daria conta. Basaglia denunciou também o que seria o "duplo da doença mental", ou seja, tudo o que se sobrepunha à doença propriamente dita, como resultado do processo de institucionalização a que eram submetidos os loucos no hospital, ou manicômio.
A partir de 1970, quando foi nomeado diretor do Hospital Provincial na cidade de Trieste, iniciou o processo de fechamento daquele hospital psiquiátrico.
Em Trieste ele promoveu a substituição do tratamento hospitalar e manicomial por uma rede territorial de atendimento, da qual faziam parte serviços de atenção comunitários, emergências psiquiátricas em hospital geral, cooperativas de trabalho protegido, centros de convivência e moradias assistidas (chamadas por ele de "grupos-apartamento") para os loucos.
No ano de 1973, a Organização Mundial de Saúde (OMS) credenciou o Serviço Psiquiátrico de Trieste como principal referência mundial para uma reformulação da assistência em saúde mental.
A partir de 1976, o hospital psiquiátrico de Trieste foi fechado oficialmente, e a assistência em saúde mental passou a ser exercida em sua totalidade na rede territorial montada por Basaglia.
Como conseqüência das ações e dos debates iniciados por Franco Basaglia, no ano de 1978 foi aprovada na Itália a chamada "Lei 180", ou "Lei da Reforma Psiquiátrica Italiana", também conhecida popularmente como "Lei Basaglia".

Franco Basaglia esteve algumas vezes no Brasil realizando seminários e conferências. Suas idéias se constituíram em algumas das principais influências para o movimento pela Reforma Psiquiátrica no país.


segunda-feira, 5 de agosto de 2019

CICLO DE FILMES "GRANDES DIRETORES" - Janela Indiscreta (1955,Alfred Hitchcock)






Indicação, apresentação do filme e textos:Reinaldo Silva

Casamento, Privacidade e Hackers na Janela Indiscreta


As dúvidas sobre quais filmes de Hitchcock deveriam ser exibidos surgiram desde o ínicio quando foi pensamos a possibilidade de um ciclo mensal dos diretores de cinema mais representativo da arte cinematográfica. Já a própria  palavra “representativo” suscitava a pergunta: representativo para quem? Mas uma decisão foi tomada. Diferente do que ocorre aos sábados, quando um curto comentário é feito antes da exibição do filme, era necessário apresentar informações um pouco mais detalhadas sobre os diretores, principalmente quando  o nome é Hitchcock. Preparei o seguinte roteiro, evitando sobrecarregar as telinhas com textos longos.
1) Na primeira apresentação irei comentar um texto que escrevi sobre como Hitchcock pensava o cinema. Esse texto só será comentado na primeira apresentação e ficará à disposição dos interessados para cópia. 
2) A cada apresentação vou elaborar um texto, enviá-lo para publicação no blog (como estou fazendo abaixo para Janela Indiscreta) e comentar o seu conteúdo antes da exibição. As discussões segue sendo no final da exibição.

3) Transcrevi a filmografia do diretor que não será comentada. Irei imprimir inicialmente cinco cópias e deixarei à disposição dos interessados. Caso a quantidade não seja suficiente, ficará disponível o original para cópias. 


Janela Indiscreta- Um filme atual


A minha leitura do filme Janela Indiscreta está relacionado a uma perspectiva que diz respeito a todos nós e a bilhões de indivíduos . Estamos ameaçados por “olhos invisíveis”. A nossa privacidade corre perigo.
Essa afirmação não é nenhum absurdo ou decorrente de alguma paranoia. Existem elementos absolutamente concretos sobre essa suspeita, e não é nenhuma constatação inédita.
É óbvio que Hitchcock não teve a intenção de fazer um filme sobre a condição dos indivíduos nas sociedades futuras.
No passado fiz outras leituras, levando em consideração, por exemplo, os pontos de vista diferentes sobre o tema do casamento nos diálogos e cenas das personagens de James Stewart e Grace Kelly. São diálogos e cenas que merecem ser vistos e ouvidos várias vezes pelos argúcia e atuação dos atores, que ambos apresentam em defesa de seus argumentos, onde a ironia e humor inteligente predominam.  Momentos conhecido por “discutir a relação”. E presenciamos também a participação de  outros personagens, que sem fazer parte da discussão, passam a ser mencionados, como se fossem membros de um grupo de avaliação sobre o casamento. Algumas cenas que ambos assistem da janela são mencionadas para corrobor suas justificativas sobre a continuidade ou o interrompimento do relacionamento entre eles. O tema da solidão recebe um recorte sobre o que é discutido a respeito do casamento e relacionamentos afetivos. Hitchcock parece expor esse dilema de maneira explícita. Acredito que esses temas possam fazer parte de novas e atuais leitura sobre o filme.
Mas, fiz uma outra indagação sobre o filme. Foi a seguinte:
Como manter a privacidade em um mundo onde o nosso comportamento está sob vigilância contínua?
 Esta pergunta foi crucial para a leitura que faço do filme Janela Indiscreta. Por isso, decorridos 65 anos considero impressionante a capacidade que o filme teve de mobilizar minha atenção para um tema tão atual.                                
                                Minha Leitura
Já faz alguns anos, acessamos a internet por outros meios diferentes, além do aparelhinho que carregamos constantemente. Com ele acordamos, conversamos digitalmente, fazemos nossas refeições, pagamos as contas, nos distraimos com jogos e vídeos, servem inclusive de espelho, enfim, não desgrudamos dele. É com se fosse a extensão do nosso corpo. Saiba então que esse aparelhinho é dotado de “olhos que nos espiona” toda vez que é utilizado. Algumas pessoas tem dois ou três desses aparelhinhos. Não fiquem chateado comigo. Esses olhos são chamados pelos especialistas de algoritmos. Eles rastreiam o que fazemos, gravam o que falamos e assistimos, registram nossas mensagens e respondem-nos artificialmente sem nenhuma consulta. Avaliam os nossos hábitos de consumo, monitoram as nossas chamadas, produzem estímulos compulsivos. São olhos com tecnologia de ponta. Estamos sendo rastreados e avaliados.
Mas, o que isso tem a ver com o filme Janela Indiscreta?
Faço aqui uma comparação entre o que escrevi acima e as ações do personagem de James Stewart. Os olhares da sua janela indiscreta é a metáfora do que os especialistas da área chamam algoritmo. Algoritmo é o nome higiênico de espião que nos monitora em sigilo, por uma combinação de acessos feitos e recebidos via internet, onde um vasto campo virtual concentra dezenas de dados de milhões de pessoas, que são analisados estatisticamente, e passam a fazer parte de uma gigantesca base de informações. Esses dados podem ser acessados sem a nossa permissão por pessoas denominadas hackers, que detém conhecimento técnico e  sofisticado dispositivos de busca, pesquisando,  adulterando , furtando e fazendo uso das informações por nós repassadas nas trocas de mensagens.
Tal constatação, me levou a comparar as ações do personagem de James Stewart a um “hacker”. Por exemplo, ele monitora a solidão de uma mulher, conhecer e prevê os seus sentimentos, observa o porre de um compositor com prováveis dificuldades na elaboração de uma música, a mulher que se banha ao sol, a beleza e a sedução da jovem dançarina, o casal de meia idade sem filhos e o passeio de seu cãozinho, o comportamento do jovem casal em lua de mel, as desavenças de um casal, cujo marido irá se tornar criminoso. Ele comenta, emiti expressões e analisa comportamentos que servirá para decifrar um crime, prevendo  e controlando as ações do criminoso.
Por acaso, existe uma grande  diferença em relação ao que é praticado pelos hackers?
No meu entender o que o personagem de James Stewart faz é o mesmo que os hackers fazem, por vias diferentes e  com tecnologia de ponta. O filme é tão sugestivo sobre o comportamento bisbilhoteiro, que a personagem de Grace Kelly levanta questões ética idênticas, que passou a ser o tema dos debates em Fóruns Mundiais sobre as ameaças que pairam em relação a nossa privacidade.
Esse é o tema que apresento para conversarmos. Espero ouvir dos participantes seus comentários a respeito não só da minha leitura, mas das outras leituras desse filme que para mim continua a ser de uma incrível atualidade em inúmeros aspectos.


Um rápido encontro com Hitchcock
Os historiadores do cinema citam uma passagem crucial  para que possamos entender a ilusão de realidade criada por esse meio no final do século 19 (1895).  A cena diz respeito ao filme dos irmãos Lumière intitulado a “Chegada do Trem na Estação”.
A câmara estava posicionada na plataforma de uma estação registrando a imagem da chegada de um trem. Nesta posição a platéia do cinema via na tela o trem vindo em sua direção. O medo tomou conta dos espectadores e muitos saíram do cinema apavorados. Decorrido mais de 130 anos pode parecer que essa platéia era “meia lelé da cuca”, certo? Errado. A platéia vivenciava um novo fenômeno visual,  a impressão de que aquele trem era real. O que isso quer nos dizer?
A arte cinematográfica seja por intermédio de filmes mudos ou falados, possui a sua própria linguagem. Charles Chaplin personificou um personagem que nos encanta até hoje, utilizando uma linguagem com recursos técnicos por ele criados. O público em geral desconhece como essa linguagem é elaborada, mas são afetados emocionalmente pelos seus efeitos. Desde a época dos irmãos Lumière ocorreram consideráveis transformações tecnológicas que afetaram a arte cinematográfica.
O cinema é ao mesmo tempo técnica, arte e indústria. Isso não elimina o valor criativo de um filme, muito pelo contrário, o valoriza. A sofisticação na construção de imagens de ambientes virtuais ampliou a nossa ilusão de realidade. Esse era o sonho inicial do cinema. Um sonho que Hitchcock aprimorou de forma decisiva. Diretores, produtores, atores, roteiristas, montadores, músicos e dezenas de outros participantes, cujos nomes passam despercebidos na tela quando os créditos aparecem no início/final de um filme, constroem a ilusão para nós. Desde que outros meios de projeção foram criados, os filmes se expandiram em tipos de mídias diversificados a ponto de atualmente podermos assisti-los em aparelhos celulares. O cinema não ficou imune a mobilidade que rege o mundo, mas permanece a crença de milhões de espectadores numa suposta realidade.
Hitchcock se deliciava com a ilusão. Seu objetivo era como ele mesmo dizia “deixar o espectador na ponta cadeira”. E para isso trabalhou incansavelmente no gênero de filmes denominados suspense. Foi, merecidamente, o Mestre do Suspense. Irônico e de um humor imprevisível em frases, entrevistas e artigos, explicava didaticamente as técnicas que inventava sobre a movimentação da câmara, a utilização da luz e da sombra, roteiro e o efeito da música em uma determinada cena. Conhecia como ninguém a arte de produzir ilusões. Ele tinha o controle total de seus filmes. Empregar o adjetivo “hitchcockiano” para um  determinado filme é render a homenagem a marca que  possui o estilo de linguagem criada por Hitchcock com objetivo de produzir efeitos de suspense no público.       
                                                        Hitchcock
Alfred Hitchcock nasceu em Londres em 1899 e faleceu em Los Angeles em 1980. Não foi apenas o aclamado mestre do gênero suspense, principalmente em relação as cenas que guardamos na memória. O suspense é antes de tudo a dramatização da narrativa de um filme em situações intensificadas. A arte de criar o suspense é ao mesmo tempo a de seduzir o público. Foi um cineasta de extraordinária produtividade e influenciou uma geração de diretores de filmes que o sucedeu, como por exemplo: François Truffaut, Martin Scorsese, Brian de Palma, Stanley Kubrick – a lista dos novos diretores é extensa. Falante, espirituoso e, deliberadamente, o principal publicitário de seus filmes, enfatizava a necessidade de o cinema basear-se mais nas imagens do que nos diálogos, herança do período dos filmes mudos, com os quais se identificava. Suas 39 aparições em seus filmes era a marca registrada desde a época do cinema mudo.
Entre 1922 a 1976 (54 anos) de atividade, Hitchcock dirigiu 53 longas-metragens. Começou no cinema mudo e se adaptou ao falado, superando as dificuldades que muitos cineastas, atrizes e atores enfrentaram; foi do preto-e-branco (considerado por ele o mais adequado a linguagem visual do suspense) ao colorido. Dos estúdios londrinos a Hollywood fez de tudo. Escreveu e desenhou letreiros de filmes mudos, foi assistente de direção, diretor de arte, roteirista, cenógrafo, figurante, apresentador de filmes para televisão, produtor, diretor, e como ensaísta escreveu centenas de artigos sobre seus filmes e sobre o meio artísticos. Esses artigos, inexplicavelmente, são poucos divulgados por seus biógrafos.
                                                                   
                                           Hitchcock, o perfeccionista
O que interessava a Hitchcock era passar a mensagem de que as cenas produzidas pelo movimentos das câmaras, olhares e gestos dos atores são mais importantes do que os diálogos. Ele dizia que possuía uma mente totalmente visual. Para obter o efeito de suspense desejado utilizava a iluminação com jogos de luzes e sombras, cores e música, artifícios minuciosamente pensados para estimular a percepção visual e emocional dos espectadores. Planejava minuciosamente ângulos e detalhes da cena, insistia obsessivamente com atores e atrizes para que as cenas fossem repetidas inúmeras vezes até conseguir os efeitos por ele desejado. Montava seus filmes quadro a quadro debruçado sobre os fotogramas (pedaços da película) para descobrir o ponto preciso em que uma cena deveria ser cortada, ou seja, fazia uso da montagem como recurso narrativo para contar visualmente uma estória. A única ocasião em que não utilizou a montagem foi no filme Festim Diabólico, uma experiência de narrativa de uma trama que levava os espectadores acreditarem na inexistência de cortes. Jamais repetiu essa experiência nos demais filmes que dirigiu.
Lançou jovens atores até então desconhecidos como Shirley MacLaine e Anthony Perkins, e trabalhou com grandes estrelas como Grace Kelly, Ingrid Bergman, Kim Novak, Paul Newman, Henry Fonda, Cary Grant e James Stewart.
Em 1939 foi para o Estados Unidos e em 1955 tornou-se cidadão americano. A partir de 1948 passou a produzir seus próprios filmes, e entre 1955 a 1965, além de diretor e produtor de seus próprios filmes, passou apresentar na televisão o programa Alfred Hitchcock Presents, onde apresentava episódios de 30/40 minutos de outros diretores adepto ao gênero suspense, tornando-se pelas suas aparições na TV ainda mais popularmente conhecido. Esta série foi exibida no Brasil pela Rede Tupi nos anos 70. Hitchcock vivia em função do trabalho, envolvido em projetos, enquanto na vida social era tímido e quase recluso.
Seus filmes foram analisados sob diversos ângulos: por psicólogos, psicanalistas, filósofos, profissionais nas áreas de iluminação e estética, jornalistas, criticos de cinema, cineastas, em revistas e cadernos de cultura especializados, sobre a perspectiva político-ideológica ... enfim, interessados em conhecer e divulgar a obra do mestre do suspense. Em consulta ao Google verifiquei que existem sobre Hitchcock, até a elaboração deste texto, aproximadamente 290.000 artigos, 138.000 monografias e 32.300 teses acadêmicas escritas em diversos idiomas, o que nos fornece a dimensão de sua importância no cenário da arte cinematográfica.
         
                                       Hitchcock e a Psicanálise: Um caso Particular
Nas décadas de 70 e 80 a Psicanálise e as ciências sociais principalmente a sociologia, a filosofia e a antropologia originárias da França, eram o centro das atenções no meio acadêmico e jornalístico no RJ. Uma fração da classe média urbana estava ávida de novidades. A ditadura militar agonizava. Foi neste ambiente, que passei a ter um maior interesse pelos filmes de Hitchcock.
 A  correlação dos filmes de Hitchcock com a teoria psicanalítica é uma abordagem que não pode passar em branco. Os seus filmes passaram a ser alvos de palestras no segmento “PSI” e exibidos em cineclubes localizados na zona sul. Era comum a publicação de artigos sobre os seus filmes no caderno B do JB, na seção Ilustrada da Folha de São Paulo e na imprensa alternativa da época, em revistas e informativos segmentados. O segmento do mercado editorial logo despertou o interesse e passou a publicar coletâneas de textos sobre cinema traduzidos de autores franceses e russos.
Em inúmeras passagens dos filmes de Hitchcock a presença de uma abordagem psicanalítica é irrefutável, o que não dizer que ele elaborava as cenas com esse objetivo. O seu interesse era atingir a grande massa de espectadores. E para isso fazia os seus filmes com um olho no público e com o outro na bilheteria. Mas é inegável, que filmes como Janela Indiscreta, Pacto Sinistro, Psicose, Frenesi e Um Corpo que Cai (só para citar alguns) possuem narrativas e cenas que remetem os profissionais do campo da Psicanálise a formular uma interpretação com base, por exemplo, nos conceitos desejo, complexo de Édipo, fantasia, sedução, sadismo, masoquismo, sadomasoquismo.
           
          Hitchcock fala sobre o medo, suspense e terror nos filmes
 “O medo pode ser divertido? Ou até prazeroso? Milhões de pessoas ... pagam imensas quantias de dinheiro e passam grandes apuros apenas pelo prazer de sentir medo. Qualquer funcionário de um parque de diversões dirá que os brinquedos que atraem o maior número de pessoas são os que provocam mais medo. Para cada pessoa que busca o medo no sentido real, pessoal, a milhões que o procuram de forma indireta, no teatro e no cinema. Nos auditórios escuros, identificam-se com os personagens fictícios que estão sentindo medo, e experimentam, eles próprios, as mesmas sensações (o pulso acelerado, a palma da mão alternadamente seca e úmida etc), sem precisar tomar o lugar dos personagens. É isso que importa e essas milhões de pessoas que vão ao cinema para sentir medo sabem disso”.
Quem faz filme de mistério tem como meta fazer a platéia ficar sentada na ponta da cadeira. O ingrediente para conseguir isso se chama suspense. Os produtores choram por isso, os escritores choram de agonia para conseguir isso e os atores choram de alegria quando conseguem isso ... as cenas que fazem o sangue correr pelas veias são altamente benéficas para a indigestão, gota, reumatismo, dor ciática e menopausa precoce. O público tem suas emoções, o cinema tem seu público, o diretor tem seu cinema, e todos ficam felizes”.
Medo é um sentimento que as pessoas gostam de ter quando estão certas de que estão em segurança. Quando se está tranquilamente sentado em casa, lendo uma estória apavorante, apesar de tudo nos sentimos seguros ...quando a pessoa se encontra num ambiente familiar e percebe que a sua imaginação é a única responsável pelo medo, surge o sentimento de uma extraordinária felicidade, comparável quando se mata uma sede muito grande ...”
Medo, no cinema, é meu campo específico, e por uma boa causa. Dividi o medo cinematográfico em duas categorias amplas – terror e suspense. O terror não antecipa qualquer preparação, surge sem aviso prévio, como uma explosão repentina. O suspense se desenrola lentamente, os sintomas vão surgindo nas cenas que antecede, ou seja, o público está sendo informado de que algo irá acontecer, sem ter idéia do que será. Lembrem-se da nossa regra: o terror se obtém com a surpresa; o suspense, pelo aviso antecipado. Suspense é mais divertido que terror, porque é uma experiência contínua e vai crescendo até atingir um clímax; já o terror, para ser realmente efetivo, tem que vir todo de uma vez, como um relâmpago, e, conseqüentemente, é mais difícil de saborear”.
                                         
Sobre a música nos filmes
O silêncio é com freqüência muito eficaz, e seu efeito é incrementado pelo manejo adequado da música, antes e depois”.
“A música correta aprimora a cena. A primeira utilização, e a mais óbvia, é criar atmosfera, gerar excitação, aumentar a intensidade das emoções. Numa cena de ação, por exemplo, quando o alvo é criar um clímax físico, a música fornece emoção ... Posso argumentar que não desejo que a platéia ouça a música conscientemente. O efeito desejado pode ser atingido sem que platéia se dê conta de como isso é feito”
“Observe que é no uso psicológico da música, que residem as grandes possibilidades. Ela, a música, torna possível expressar o que não é dito. É preciso visualizar o filme movimentando-se no compasso da música”.
“A base do apelo cinematográfico é emocional. O apelo da música é, em grande parte, emocional também. Acho que negligenciar a música é abdicar, querendo ou não, de uma oportunidade para o progresso do cinema”
                       
Filmografia de Alfred Hitchcock como Diretor
Total de 53 em 54 anos de atividade, entre 1922 a 1976.
1922 Number Thirteen (inacabado) e Always Tell Yoour Wife (como o diretor adoeceu, o filme foi terminado por Hitchcock); 1925 The Pleausure Garden; 1926 – The Mountain Eagle; O Inquilino Sinistro; 1927 – Downhill When Boys Leave Home; Easy Virtue e O Ringue; 1928 – A Mulher do Fazendeiro; Champagne; 1929 – Harmony Heaven; O Ilhéu; Chantagem e Confissão; 1930 – Elstree Calling; Jung And The Paycock; Assassinato; Mary – Sir Jonh Greift Ein (versão alemã de Assassinato); 1931 – The Skin Game; 1932 – Rich And Strange; O Mistério do Número 17; 1933 – Valsas de Viena; 1934 – O Homem que Sabia Demais; 1935 – Os 39 Degraus; 1936 – O Agente Secreto; Sabotagem; 1937 – Jovem e Inocente; 1938 – A Dama Oculta; 1939 – A Estagem Maldita; 1940 – Rebecca,A Mulher Inesquecível; Correspondente Estrangeiro; 1941 – Um Casal do Barulho; Suspeita; 1942 – Sabotador; 1943 – A Sombra de Uma Dúvida; Um Barco e Nove Destinos; 1944 – Bon Voyage (curta-metragem); Aventure Malgache (curta-metragem); 1945 – Quando Fala O Coração; 1946 – Interlúdio; 1947 – Agonia de Amor; 1948 – Festim Diabólico; 1949 – Sob o Signo De Capricórnio; 1950 – Pavor nos Bastidores; 1951 – Pacto Sinistro; 1952 – A Tortura do Silêncio; 1954 – Disque M para Matar; Janela Indiscreta; 1955 – Ladrão de Casaca; 1956 – O Terceiro Tiro; O Homem que Sabia Demais; 1957 – O Homem Errado; 1958 – Um Corpo que Cai; 1959 – Intriga Internacional;1960 – Psicose;1963 –Os Pássaros; 1964 – Marnie, Confissões de uma Ladra - 1966 – Cortina Rasgada; 1969 – Topázio; 1973 – Frenesi; 1976 – Trama Macabra
Indicações ao Oscar Recebeu 6 indicações ao Oscar pela Academia de Artes e Ciências Cinematográfica, sendo 05 como Diretor e 01 como Produtor
Globo de Ouro Indicação em 1973 como Melhor Diretor pelo filme Frenezi, oferecido pela Estatueta Cecil B. DeMille
Premiação Estatueta Prêmio Inving Thalberg da Academia de Artes e Ciências Cinematográficas pela carreira completa e conjunto da obra
Globo de Ouro Vencedor em 1958 – Melhor série de TV, Alfred Hitchcock Presents; Prêmio Cecil B. DeMille – 1972 – Pela Carreira Completa
Bafta Vencedor – 1971 pela Carreira Completa
Outros Prêmios Diretor Guild of American – 1968; American Live Achievement Award Film Institu– 1979
Livros Indicados Hitchcock Truffaut – Companhia das Letras – Edição:  2008; Hitchcock por Hitchcock – Coletâneas de Textos e Entrevistas – Organizado por Sidney Gottlieb Edição: 1998
Vídeos curtos no Youtube para ter uma idéia sobre a obra de Hitchcock  Existem inúmeros, mas indico os seguintes: EntrePlanos; Canal Zero; Gustavo Cruz e Cinemarden Artigos na Internet É só entrar no Google e pesquisar pelos artigos, teses, monografias etc em relação aos interesses e temas acima citados.

VÍDEOS COM AS APARIÇÕES DE HITCHCOCK NOS SEUS FILMES:





Reinaldo Silva