sexta-feira, 23 de fevereiro de 2018

Z (1969, Costa-Gravas)


Indicação do filme e texto : Marida Henriques
Apresentação do filme: Eliana de Andrade


O filme Z é um um filme franco-argelino de 1969, baseado no romance homônimo de Vassilis Vassilikos. O filme é quase todo focado na atuação do juiz do caso ( Trintignan), referente à morte de um político de esquerda (Yves Montand). Este é o trama básico do filme, fatos reais ocorridos na Grécia em 1963. O filme retrata como funcionavam as instituições e seus agentes. A morte do político ( caso Lambrakis ) foi encoberta vergonhosamente, tendo sido ele assassinado, na verdade, mas considerado pelas autoridades como se fosse um acidente.
Foi considerado o maior filme político do século XX.
Para a esquerda Z era o símbolo da liberdade, para os militares, o símbolo da discórdia.
O caso Lambrakis se refere `a morte do deputado socialista Gregoris Lambrakis, que alem de ser deputado era um médico grego e também um atleta.
O filme foi dirigido por Konstantino Gravas (Costa Gravas), cineasta grego que possui uma visão política do mundo e  expressa isso através de seus filmes.
Todos os seus filmes abordam temas políticos, exceto “ Um homem, uma mulher, uma noite” e talvez, por isso, não foi bem aceito pela crítica.
Z  foi o terceiro filme dirigido por Costa Gravas.
Costa Gravas é o maior  nome da história do cinema político. Seus atos de resistência através dos filmes são exemplos até hoje.
Dirigiu também muitos filmes sobre as ditaduras, inclusive, na América Latina. Entre seus filmes podemos citar “ O Capital” , “ Estado de sítio” e “ A confissão”.
Continua até hoje com a mesma visão política, tendo assinado o manifesto em apoio a Lula e à democracia no Brasil.
A minha indicação deste filme está relacionada à minha história de vida e ao atual momento político que estamos atravessando e que torna o filme mais atual ainda: a intolerância política, a manipulação da mídia e das instituições sobre a população e até os grupos fantoches que aparecem para proteger os poderosos. O filme retrata não só o que está acontecendo no Brasil como em outros países sejam capitalistas ou comunistas.
È um filme provocativo e tem excelentes artistas, aliás, inesquecíveis, como Irene Papas , Jean-LouisTrintignan e Yves Montand, entre outros.
Este filme foi proibido no Brasil durante a ditadura militar e com certeza, seria hoje também.
Nós que participávamos da resistência nas décadas de 60 e 70, encontrávamos no cinema  e no teatro, momentos de liberdade e muita emoção, mesmo sabendo que encontraríamos a repressão ao sair desses locais. Em qualquer cinema, em especial no Paissandu, após o filme, levantávamos e batíamos palma. Era uma maneira prazerosa de dizer não à ditadura militar.
Filmes como Z nos dava esperança, mais força para lutar, mais ousadia e força para vencer o medo diante de tantos companheiros presos , exilados ou mortos.
Cinemas como o Paissandu jamais serão esquecidos assim como filmes como Z.
Ele e outros filmes, também proibidos, como “A classe operária vai para o paraíso”, “Os companheiros”, etc nos ajudaram a entender melhor o momento que estávamos passando e que não estávamos sós.
Tudo valeu a pena, exceto a tortura e a morte de muitos companheiros.
Marilda Henriques




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O filme Z reforçou minhas desconfianças sobre a versão oficial / histórica da causa da morte do Mão de Luva, que, supostamente, morreu de tuberculose durante a sua viagem de degredo para a África em 1785. É muito mais provável que os PMs da época (os dragões do rei de Portugal) tenham lançado este, então, célebre contestador do poder oficial ao mar, prática que se tornou comum 2 séculos mais tarde com os contestadores da ditadura militar argentina.A morte do provável primeiro líder empresarial em solo brasileiro, após este haver feito heroica resistência na liderança de microempresários (na época, um grupo de garimpeiros) em Cantagalo, contra a instituição do “quinto”, abriu caminho para a implantação generalizada da escravidão no centro-norte fluminense. O poder estatal consolidou-se de vez com a implantação de Nova Friburgo, cuja prefeitura, às vésperas do bicentenário, promove voraz campanha tributária sobre o microempresariado desta municipalidade, enquanto assaltantes das verbas públicas da Tragédia Climática de 2011 seguem impunes.

CHRISTIAN K. HANSEN 
SÍTIO ALTO ASTRAL, LUMIAR




Os Incompreendidos (1959, François Truffaut)


Indicação e apresentação do filme: Alex Fonte