domingo, 27 de fevereiro de 2022

PROGRAMAÇÃO MÊS DE MARÇO/2022



8 /03 -EUTERPE LUMIARENSE
ETERNAMENTE PAGU; BRASIL,1988.; Direção:Norma Bengell;100 min
Cinebiografia de Patricia Galvão, a Pagu,poeta,diretora de teatro,desenhista e jornalista.Militante do PCB .foi a primeira mulher presa no Brasil por motivações políticas.Participou do movimento modernista iniciado em 1922. 
+ Exibição do curta  " Eh Pagu, Eh!"( Direção:Ivo Branco;1982;15 min)

10 /03 -ESPAÇO ECOARTE LIVRARIA 
MISS MARX;ITÁLIA/BÉLGICA;2020 Direção: :Susanna  Nicchiarelli;107 min
Eleanor Marx é a filha mais nova de Karl Marx.Ela é uma das primeiras pensadoras a vincular feminismo e socialismo,participando das lutas dos trabalhadores,dos direitos das mulheres e da abolição do trabalho infantil.
APRESENTAÇÃO DO FILME; ANNA LUIZA COSTA(COLETIVO FEMINISTA CLASSISTA ANA MONTENEGRO

+ Exibição do curta " A boneca e o silêncio"(2015;Direção: Carol Rodrigues;19 min) A solidão de Marcela, uma menina de 14 anos, que decide interromper uma gravidez indesejada.


17 /03 -ESPAÇO ECOARTE LIVRARIA 
EL BUMBÚN;ARGENTINA;2014 ;Direção: Fernando Bermúdez;85 min
Em uma área rural na Argentina,o machismo,a miséria e a repressão da última ditadura militar enquadram a tragédia de Bumbún,filha de um lenhador que obriga sua filha a se disfarçar de homem desde o nascimento. Sua vida ficará dividida entre aceitar esse destino ou lutar para mudá-lo. 

+ Exibição do curta " Pauline!"( “Cinco filmes contra a homofobia”.Direção: Céline Sciamma ;2010;8 min) Uma jovem conta sua história para outra garota: a infância em pequena cidade pro,a revelação pública de sua homossexualidade,a dor da solidão,a possibilidade de aceitação.

24 /03 -ESPAÇO ECOARTE LIVRARIA 
PACARRETE;BRASIL;2020;Direção:Allan Deberton;97 min.
Pacarrete é uma professora de dança aposentada que vive com a irmã, no interior do Ceará. Seu grande sonho é estrelar um balé para a população local durante a grande festa da cidade, Entretanto, a falta de interesse da população em geral  torna-se um problema

+Exibição do curta "Você tem belas escadarias, sabia" ;Direção:Agnès Varda;1986;3 min. Homenagem à Cinemateca Francesa, na ocasião de seu cinqüentenário.

CICLO DE FILMES "GRANDES DIRETORES " - NELSON PEREIRA DOS SANTOS

 




CICLO DE FILMES "GRANDE DIRETORES" -NELSON PEREIRA DOS SANTOS 


Nascido em São Paulo, em 22 de outubro de 1928, Nelson Pereira dos Santos iniciou suas experiências com o cinema na década de 1940. Advogado de formação, no início da década de 1950 veio para o Rio de Janeiro e, a partir desse momento, inaugura o caminho que o tornaria um dos mais admiráveis diretores do cinema brasileiro.

Cineasta engajado politicamente, marcou a história do cinema nacional como integrante ativo de diversos movimentos sociais e cinematográficos. Conforme o próprio Nelson indicou, “foram os dez anos de minha formação, do ginásio à Faculdade de Direito, uma viagem a Paris, o casamento, serviço militar, cineclubes, Juventude Comunista, primeiro emprego em jornal, primeiro filme (…) Estava impregnado da certeza de que o Brasil encontraria o bom caminho para ter uma sociedade mais rica e mais justa.(…)”.

Nelson oficialmente fez 27 filmes, destacando-se nessa produção: “Boca de Ouro”(1955) , “Rio, 40 Graus” (1955), “Vidas Secas” (1963), “Rio, Zona Norte”(1957), “Amuleto de Ogum (1974)” ,Tenda dos Milagres(1977), “Memórias do Cárcere” (1984), referências da originalidade da obra de Nelson  por conta da perspectiva das camadas populares na condução das narrativas, criando assim a base da estética do Cinema Novo no país, movimento do qual Nelson foi um dos precursores e autores mais destacados.

Foi membro do Partido Comunista Brasileiro nos anos de 1940 e 1950, tendo atuado em escolas de formação. Conforme depoimento do próprio cineasta em 2007: “É importante assinalar que, para mim, e acredito tenha sido para muita gente, o Partido foi uma outra universidade. Uma universidade pelo avesso, pois questionava a versão tradicional da história do Brasil, por exemplo. Outra coisa que o Partido proporcionou foi um convívio amplo com pessoas de classes sociais, origens e formações diferentes (…) “.

Em 1950, fez o curta “Juventude”, sobre trabalhadores de São Paulo, destinado à apresentação num encontro da Juventude Comunista em Berlim Oriental e cujo negativo foi perdido. Essa experiência, para Nelson, foi a sua descoberta para o cinema. Em 1951, escreveu na antiga revista “Fundamentos”, que era preciso inventar uma cinematografia que refletisse “na tela a vida, as histórias, as lutas e aspirações do povo brasileiro”.

Em 1955, com a conclusão de “Rio, 40 graus”, Nelson já indicava a trajetória política que marcaria sua carreira. Filme proibido com o pretexto de ser filme de “comunista”, segundo a censura da época, o próprio PCB liderou uma campanha exitosa para retirar a censura ao filme, que foi lançado em março de 1956. Outros dois filmes importantes da obra de Nelson Pereira dos Santos retomam, em momentos distintos, duas obras do escritor alagoano Graciliano Ramos(1892-1953) outro destacado militante do PCB: “Vidas Secas”, de 1938, e ” Memórias do Cárcere”, de 1953, transformadas em filmes em 1963 e 1984, respectivamente.

Em 1963, no período de efervescência política e cultural que antecedeu o golpe que mergulharia o pais na ditadura político-militar de 1964, Nelson lançou “Vidas Secas”, um dos mais importantes filmes cinemanovistas. Indicado à Palma de Ouro em Cannes em 1964, “Vidas Secas” abordava pelo cinema os problemas sociais do Brasil. O filme prima pela honestidade intelectual de Nelson na adaptação da obra de Graciliano para o cinema. Quem leu o livro de Graciliano Ramos percebe a perfeita sincronia entre as duas representações: roteiro preciso, filme conciso, seco, econômico nos diálogos, tal qual o estilo de Graciliano, mas perfeito nas lentes que, sem recursos artificiais, integram imagem, som e texto de forma equilibrada. Os únicos excessos são o retratos da desumanização, da imensa miséria, exclusão e violência sociais retratadas no filme, bem ao neorrealismo italiano, referência importante do estilo de Nelson Pereira dos Santos. Assim, o diretor mostrava que era possível contar histórias com atores não profissionais, cenários externos e escassos recursos. O filme “Vidas Secas” transformou-se num elemento a mais para pensar o Brasil dos anos 1960.

Na adaptação de Memórias do Cárcere em 1984, para o cinema, Nelson retorna a Graciliano Ramos e a sua autobiografia sobre o Estado Novo. Premiado nos Festivais de Cannes e Havana do mesmo ano, o diretor, na realidade, apresenta uma imagem atemporal das ditaduras, das perseguições políticas e dos problemas crônicos da República brasileira, construindo um retrato social do Brasil, que vivia, naquele momento, os anos finais da ditadura militar. E de acordo com Nelson, “no Brasil estava acontecendo o movimento pelas ‘Diretas já’. Vidas Secas aconteceu no começo da ditadura e Memórias do Cárcere festejou o final”.

Nelson Pereira dos Santos faleceu em abril de 2018. Com sua morte, morreu também uma parte significativa do pensamento contemporâneo brasileiro expressado por uma intensa relação da arte com a cultura popular. 

 O cinema de Nelson  transcendeu  a tela e tratou o cinema não como mero entretenimento cultural, mas como arte que ainda possibilita uma análise profunda da realidade, assinalando a necessidade de sua radical transformação.


Publicado originalmente  em https://pcb.org.br/portal2/19446/nelson-pereira-dos-santos/


PROGRAMAÇÃO

HORARIO: 19 HORAS


*O3 DE MARÇO,QUINTA-FEIRA -ESPAÇO ECOARTE LIVRARIA-SÃO PEDRO DA SERRA

RIO 40 GRAUS

BRASIL,1956;109 min

Elenco: Glauce Rocha, , Roberto Batalin, Zé Kéti, Sady Cabral Jece Valadão.

No Rio de Janeiro, em um dia intenso de verão, cinco garotos pretos e pobres saem da favela onde vivem para vender amendoim pela cidade. Percorrendo os quatros cantos do Rio, eles vivem e presenciam casualidades e incidentes cariocas, verdadeiras desventuras urbanas que destrincham a realidade urbana carioca daquele período.

APRESENTAÇÃO DO FILME: PROF. MUNIZ FERREIRA (UFRRJ)


O6 DE MARÇO,DOMINGO -ESPAÇO ECOARTE LIVRARIA-SÃO PEDRO DA SERRA

BOCA DE OURO

BRASIL,1963;103 min

Elenco:Jece Valadão,Odete Lara,Daniel Filho.Ivan Cândido

A história do temido bicheiro Boca de Ouro, figura quase mitológica no bairro de Madureira, durante os anos 1950. Sua ambição,amores e pecados despertam a curiosidade do jornalista Caveirinha, que procura uma ex-amante do contraventor e descobre três diferentes versões da vida do bicheiro Adaptação da obra teatral de Nelson Rodrigues


15 DE MARÇO,TERÇA-FEIRA - EUTERPE LUMIARENSE-LUMIAR

VIDAS SECAS

BRASIL, 1964;103 min.

Elenco:Átila Iorio,Maria Ribeiro ,Jofre Soares,Orlando Macedo

Uma família miserável tenta escapar da seca no sertão nordestino. Fabiano,Sinhá Vitória, seus dois filhos e a cachorra Baleia vagam sem destino e já quase sem esperanças pelos confins do interior, sobrevivendo às forças da natureza e à crueldade dos homens.Adaptação do livro de Graciliano Ramos.


22 DE MARÇO,TERÇA-FEIRA - EUTERPE LUMIARENSE-LUMIAR

MEMÓRIAS DO CÁRCERE

BRASIL, 1984;185 min. Elenco: Carlos Vereza, Glória Pires,José Dumont,Jofre Soares,Nildo Parente

Em 1936 o escritor Graciliano Ramos, então diretor de instrução pública  do estado de Alagoas,é preso acusado de ligações com a Aliança Nacional Libertadora sem passar sequer por um julgamento. No presídio da Ilha Grande, ,em meio a atritos políticos e pessoais,ele escreve sobre as terríveis condições que os detentos recebiam na cadeia.

APRESENTAÇÃO DO FILME: PROF. RICARDO COSTA (FUNDAÇÃO DINARCO REIS)


29 DE MARÇO,TERÇA-FEIRA EUTERPE LUMIARENSE-LUMIAR

TENDA DOS MILAGRES

BRASIL, 1977;132 min;Roteiro:Nelson Pereira dos Santos e Jorge Amado

Elenco:Hugo Carvana, Sônia Dias,Anecy Rocha,Jards Macalé,

Um pesquisador estadunidense está em  Salvador  para estudar a vida de Pedro Arcanjo sociólogo negro que viveu na cidade no começo do século XX. Porém, ninguém parece saber sobre o estudioso, o que alvoroça a imprensa local. Um jornalista baiano começa a investigar sobre Pedro Arcanjo e descobre que ele foi um intelectual que lutava contra a cultura racista. Adaptação do romance homônimo de Jorge Amado.