quinta-feira, 20 de junho de 2019

Morangos Silvestres( Ingmar Bergman;1959)



Indicação e apresentação do filme: Bernardo Timm

Viagem Ao Principio do Mundo( 1997;Manoel de Oliveira)


Indicação e apresentação do filme: Joaquim Ferreira

Senhoras e Senhores: O Corte Final( 2012,György Pálfi)

SESSÃO ESPECIAL DE ANIVERSÁRIO  
3 ANOS DO LUMIÈRE-LOUCOS POR CINEMA




O Auto da Compadecida( 2000,Guel Arraes)


Indicação e apresentação do filme: Gabriela Carvalho

O Homem Que Sabia Demais ( 1956.Alfred Hitchcock)


O Garoto da Bicicleta( Luc Dardenne, Jean-Pierre Dardenne;2001)




Indicação , apresentação do filme e texto: Reinaldo Silva


O Garoto da Bicicleta
Filme de 2011; 87 minutos-Diretores:Jean-Pierre Dardenne e Luc
Dardenne-Produção:Bélgica, França e Itália
Prêmio: Grande Prêmio de Júri-Festival de Cannes 2011
A mais recente e agradável surpresa que tive, em relação a cinema, foi ter conhecido os filmes dos irmãos Dardenne. Portanto, meu comentário será uma tremenda “tietagem”. Terei o cuidado em não contar o filme. A intenção é contribuir com algumas observações após assistir sete filmes dos diretores. A estética cinematográfica dos Dardenne está intimamente comprometida com o “realismo social” (para quem se interessa no final do texto veja nota*). Toda trama, os personagens, os movimentos da câmara, os diálogos, a fotografia ... apresentam inúmeros sintomas de um realismo que observa os relacionamentos humanos na sua complexidade, mas que são apresentados de maneira direta sem drama e apelos psicológicos. Por isso os afetos que emergem da tela possuem uma carga emocional sem as justificativas ou subterfúgios de caráter pessoal. Pouco ou nada sabemos sobre o passado dos personagens, também não é apresentado no decorrer dos filmes relatos sobre algum dado pessoal dos personagens. As questões nas quais estão envolvidos são apresentadas sem a recorrência de fatos vividos no passado. Por isso temos dificuldade em construir a dimensão psicológica dos personagens. É do presente que os filmes apresentam que temos que tirar as conclusões.
Duas características, que utilizadas em conjunto, aprofunda a nossa atenção: os planos-sequências e poucos diálogos. O efeito do plano sequência (ou plano prolongado) é a cena em que os olhos acompanhando a câmara, percorrem os espaços mais extensos num tempo prolongado e sem corte, como estivéssemos contemplando uma paisagem. Se isso for feito de forma ativa/participativa nossa visão observará detalhes porque associada aos poucos diálogos, faz com que possamos (sem desviar os olhos para legendas) observar os detalhes que envolvem as expressões faciais dos personagens, os locais ou cenários. Isso afeta diretamente as nossas emoções sobre personagens e situações presentes no filme.
Considerando o que escrevi acima, observe na narrativa do filme:
1) o desempenho de Cyril, a relação entre ele e seu pai, um tipo social de personagem que tomamos conhecimento em nosso dia a dia (de alguma maneira temos conhecimento da existência social desse personagem em nossa sociedade);
2) Samanta, cuja escolha e afeição por Cyril humaniza a visão de ausência de solidariedade;
3) As questões sociais desviantes, que comprometem Cyril em seu desespero por reconhecimento que lhe é negado; e a Vingança, sentimento proporções inimagináveis, mesmo quando a Lei se faz presente para punir o infrator.
Esses são alguns fatos abordados pelo “realismo social” dos diretores.
Ver e refletir sobre os filmes dos Dardenne é ter acesso aos valores morais presentes em qualquer sociedade. A Bélgica em seus aspectos morais não é diferente de outros paises. Essa é a observação que retirei dos filmes que assisti.
Perguntados sobre a opinião que cada um poderia ter sobre os filmes que fizeram, os diretores responderam que não é possível responder o que cada um pensa neste caso porque os filmes foram feitos com plena concordância. Pergunta maliciosa respondida com inteligência.
Os filmes dos Dardenne não terminam com “final feliz” e nem em “tragédia”. O trabalho dos atores é exemplar, e nos seus filmes existe uma equipe de atores que praticamente participam dos filmes que vi. Também não existe uma mensagem de caráter moral sobre como os fatos deveriam ser, ou seja, não existe nenhuma “lição de moral” a ser transmitida. O realismo social dos filmes dos diretores se assemelha mais com a seguinte imagem (se isso for possível): “a vida é tal como se apresenta, as conseqüências das suas ações são inevitáveis, agir de acordo com os seus afetos e seguir em frente, porque em todas sociedades em que houver humanos em suas relações a moral estará sempre presente”.
Abraço
Reinaldo
Nota*: Existem vários movimentos estéticos desde o início do cinema. Cito alguns exemplos: expressionismo, neo-realismo, realismo italiano, cinema novo, realismo social etc. Cada um desses movimentos postulam maneiras diferentes de narrativas, ou seja, como a estória de um filme deve ser construída no que diz respeito ao conteúdo e forma.
Uma outra questão que acompanha o filme desde o ínicio diz respeito a noção de realidade. Se fosse entrar neste tema o comentário que me proponho fazer seria extenso, que por si só vale uma discussão a parte. A minha afirmação é de que em nenhum filme, a estória narrada em imagens e sons reflete a realidade. Todo filme é uma ficção, obra coletiva elaborada por profissionais, que utilizam tecnologia e saber apropriado, sob a orientação do diretor, a quem cabe a responsabilidade pelo produto
final – o filme.




Nascido Para Matar( 1987,Stanley Kubrick)


Indicação  e apresentação do filme: Frederico Schornbaum

O Dono do Jogo ( 2016,Edward Zwick)



Indicação e apresentação do filme: Bernardo Timm

Pequena Miss Sunshine( Valerie Faris, Jonathan Dayton;2006)



Indicação e apresentação do filme: Débora Zarour
Texto: Reinaldo Silva

Decorrido muitos anos tive a grata surpresa de ver novamente esse filme. Não sei dizer a data e nem em que condições. Mas foi como se fosse pela primeira vez. É desta forma que vou fazer meu comentário.
O filme é uma narrativa irônica e bem humorada sobre o valor moral fundamental da sociedade americana. Não pretendo tratar da sua origem, ou seja, aprofundar e tentar responder as questões morais retratadas e ironizadas pelo filme. É apenas uma exposição.
O Estados Unidos, como nação (e como toda nação) possuem um mito de origem. Existe a crença de que foram eleitos por Deus para representar os seus interesses nos desígnios da Terra, ou seja, grosso modo, como os seres humanos devem agir. Para os americanos os Estados Unidos agem sempre em nome de Deus. E, nesta nação dos escolhidos, é necessário que haja uma depuração, uma seleção, uma concorrência, um esforço individual para separar os “vencedores dos perdedores”. Tudo que acabei de escrever deve corresponde a trabalho, competição e ambição em busca de riqueza material. Espírito e corpo unidos por uma única vontade: sucesso material = felicidade. Quanto mais cedo se ganha um milhão de dólar, mais cedo o ingresso ao mundo dos “vencedores” é oferecido. Em resumo, a mentalidade americana é regida pelo individualismo possessivo.
É justamente sobre a mentalidade “vencedores e perdedores” que o filme retrata. A narrativa é toda feita neste sentido, e sendo irônica irá fazer uma escolha contraria ao “capitalismo messiânico” dos “vencedores”.
E qual é a base da pirâmide social que a narrativa do filme ironiza? Quem respondeu a família acertou. Veja se você consegue unir as pontas da pergunta a seguir sem tomar um chá de camomila: imagine (1) uma família composta por um avô desbocado, machista até o osso e viciado em cocaina; (2) um pai palestrante motivacional com 4 ou cinco espectadores em suas palestras e também escritor frustrado e insuportável para todos os demais familiares; (3) uma mãe a beira de um ataque de nervos sem saber o que fazer com o filho que faz votos de silêncio a meses e só se comunica escrevendo bilhetes, nos quais declara que odeia todos e tem o retrato de Nietzsche na parede do quarto; (4) a mãe tem um irmão gay, que acaba de ter alta do hospital por ter tentado suicídio devido a uma recusa amorosa; e finalmente, (5) a filha caçula obstinada em participar do concurso de “miss sunshine” assiste obsessivamente aos vídeos dos campeonatos e é “treinada” por seu avô, aquele mesmo que citei acima.
Se esse quebra cabeça não conseguiu ser montado não há com que se preocupar, porque a “insanidade” é o elemento fundamental da narrativa do filme. Ele informa que os “perdedores” tem seu dia de glória, e os “vencedores” são o resumo de uma padronização turbinada por maquiagem que transformam os rostos em máscaras plastificadas, sorrisos congelados , pura ficção de um povo eleito.
Essa é a inversão que o filme faz. Na América dos eleitos os “perdedores” zombam e ironizam
os “vencedores”, com suas palestras compostas de 9 passos para a conquista do $ucesso. Para quem ainda acredita nesta separação entre “vencedores e perdedores” há um obstáculo a ser transposto, que diz respeito a frustração de não mais poderem vislumbrar o retorno de uma América eleita por Deus e reservada para os “vencedores”.
Uma pequena observação que a minha exigência obriga. Pela qualidade técnica, montagem, direção e atuação dos atores e atrizes, o filme merecia um melhor tratamento fotográfico. Não vou entrar em detalhes, porque os comentários a esse respeito são válidos somente quando feitos no decorrer das cenas, exemplificando-os na medida em que focalizadas pela lentes das câmeras.


Simonal (Cláudio Manoel;Micael Langer;Calvito Leal,2009)


Indicação e apresentação do filme: Virgilio Roma