domingo, 20 de novembro de 2022

Ôrí( Raquel Gerber;1989)


ÔRÍ
BRASIL;1989/ Restauração digital: 2008
Direção:Raquel Gerber;90 min.
Roteiro: Beatriz Nascimento
Ôrí documenta os movimentos negros brasileiros entre 1977 e 1988, buscando a relação entre Brasil e África, cujo fio condutor é a história pessoal de Beatriz Nascimento, historiadora e militante. O documentário  traça um panorama social, político e cultural do país, em busca de uma identidade que contemple também as populações negras, e mostra a importância dos quilombos na formação da nacionalidade. A palavra Ôrí significa cabeça, um termo de origem Iorubá que, por extensão, também designa a consciência negra na sua relação com o tempo, a história e a memória.

segunda-feira, 7 de novembro de 2022

Entreatos( João Moreira Salles;2004)


 ENTREATOS
BRASIL;2004 
Documentário;Direção: João Moreira Salles;117 min.
De 25 de setembro a 27 de outubro de 2002 a equipe de filmagem acompanhou passo a passo a campanha de Luís Inácio Lula da Silva à presidência da República. O filme revela os bastidores de um momento histórico através de material exclusivo, como conversas privadas, reuniões estratégicas, telefonemas, traslados, gravações de pronunciamentos e programas eleitorais.

quarta-feira, 2 de novembro de 2022

Argentina,1985( Santiago Mitre;2022)


 

ARGENTINA.1985
ARG/EUA;2022
Direção ;Santiago Mitre;140 min.
Elenco principal:Ricardo Darín, Francisco Bertín, Alejandra Flechner
O filme é inspirado na história real do promotores Julio Strassera e Luis Moreno Ocampo que   chefiaram a investigação para levar militares à justiça por crimes cometidos durante a ditadura na Argentina. Strassera e Ocampo enfrentam a influência de pressões políticas e militares e montam uma equipe jurídica de advogados novatos para realizar o julgamento.

quinta-feira, 20 de outubro de 2022

Macunaima( Joaquim Pedro de Andrade;1969)


 

MACUNAÍMA
BRASIL;1969
Direção e Roteiro:Joaquim Pedro de Andrade;105 min
ELENCO PRINCIPAL:Grande Otelo, Paulo José, Jardel Filho, Dina Sfat, Milton Gonçalves, Rodolfo Arena, Joana Fomm.
As aventuras de Macunaíma, o herói sem nenhum caráter, e suas andanças por um Brasil em transformação. Ele nasceu na selva e de preto, virou branco. Depois de adulto deixa o sertão em companhia dos irmãos e vive aventuras na cidade. Macunaíma ama guerrilheiras e prostitutas, enfrenta vilões milionários, policiais e personagens de todos os tipos.Um compêndio dos mitos, lendas e da alma do brasileiro, a partir do clássico romance de Mario de Andrade.

quinta-feira, 13 de outubro de 2022

Trono Manchado de Sangue ( Akira Kurosawa;1957)







 Indicação, apresentação do filme e texto: Fábio Martins

Trono Manchado de Sangue
Título original: Kumonosu-jô
Ano: 1957
Direção: Akira Kurosawa
Roteiro (baseado na obra Macbeth de William Shakespeare): Hideo Oguni, Shinobu Hashimoto, Ryûzô Kikushima, Akira Kurosawa
Elenco: Toshirô Mifune, Isuzu Yamada, Takashi Shimura, Akira Kubo, Hiroshi Tachikawa, Minoru Chiaki, Takamaru Sasaki, Gen Shimizu, Kokuten Kôdô, Kichijirô Ueda
Duração: 110 min.

Sinopse:

Akira Kurosawa foi buscar na literatura a fonte de inspiração para alguns roteiros de seus filmes, como O Idiota, na literatura russa de Dostoievski, e Rashomon, na literatura japonesa de Rynosuke Akutagawa. Em Trono Manchado de Sangue o diretor voltou-se para William Shakespeare e, ao lado de três colaboradores, adaptou a tragédia Macbeth situada na Escócia do início do século XVII para o Japão feudal. Na adaptação, Kurosawa incluiu elementos da cultura japonesa, não só no roteiro, mas também na interpretação dos atores, que utilizaram as técnicas do tradicional teatro Nô.
Com seu refinamento técnico, já na abertura, Kurosawa usa um grande plano geral e na sequencia vai introduzindo aos poucos os elementos do cenário. Tendo por fundo musical uma espécie de canto gregoriano agourento, a paisagem enevoada sugere algo fantástico que vai sendo desvendada aos poucos, para só então apresentar os primeiros personagens.
Yoshiteru Miki (Akira Kubo) e Taketori Washizu (Toshirô Mifune) são os comandantes militares do senhor feudal do Castelo das Teias de Aranha, Tzuzuk. Ameaçado por rivais, está para decidir pela retirada quando chega a notícia das vitórias dos dois comandantes. Quando estão de volta cavalgando por uma floresta, os dois comandantes se deparam com um espírito que está sentado enrolando calmamente um fio de linha. Este então prevê o futuro de ambos: Washizu em breve assumirá o trono e será sucedido pelo filho de Miki. Os amigos desdenham dessas previsões, mas parece que já não são mais senhores da linha de suas vidas. Ao retornar para casa, Washizu relata a predição para a sua esposa, a Senhora Asaji (Isuzu Yamada) que, crédula no presságio do espírito, passa a insuflar o marido a agir destronando o seu senhor e aniquilando seu amigo Miki. A oportunidade surge quando o senhor Tzuzuk chega para passar a noite em sua residência.
Temeroso de ser traído, Washizu é tomado pela ambição de subir ao trono e ao comando do Castelo das Teias de Aranha. Movido por um estranho instinto que o faz agir impulsivamente, deixando a razão de lado, acaba por criar as condições de sua própria ruína, após trair e assassinar seu senhor e o amigo. Enquanto isso, sua mulher surta em razão da culpa por ter incentivado o marido à traição e assassinato. O fim trágico se conforma com a morte do protagonista.
A fotografia e iluminação impressionam pela qualidade técnica, especialmente nas sequências de aparição dos espíritos, num ambiente fantasmagórico no meio da floresta. A saturação em branco, com forte luz na fotografia, e a perfeita edição das sequências ajudam a torná-las inesquecíveis. Outro momento de destaque ocorre quando Washizu vê um fantasma no banquete de comemoração da sua conquista do poder, o que demarca o início da sua derrocada.
Kurosawa realiza uma excepcional adaptação da obra de Shakespeare e o resultado é mais uma obra-prima. Trono Manchado de Sangue mistura fantasia e todos os elementos de uma tragédia clássica, expondo de maneira grandiosa uma das histórias mais intrigantes da dramaturgia mundial.


quarta-feira, 14 de setembro de 2022

Rashomon ( Akira Kurosawa;1950)






 Indicação e apresentação do filme e texto : Fábio Martins

Rashomon (Às Portas do Inferno)
Ano: 1950
Direção: Akira Kurosawa
Roteiro: Ryunosuke Akutagawa, Akira Kurosawa, Shinobu Hashimoto
Elenco: Takashi Shimura (O lenhador)
Toshirô Mifune (Tajômaru)
Minoru Chiaki (O sacerdote)
Machiko Kyô Masako Kanazawa (esposa do Samurai)
Masayuki Mori Takehiro Kanazawa (Samurai)
Kichijiro Ueda (O camponês)
Noriko Honma (Médium)
Daisuke Katô (O policial)

Sinopse:
Em 1950, Kurosawa se interessou por um roteiro de um jovem aspirante, Shinobu Hashimoto, com uma história de um estupro e assassinato, contada por diferentes e conflitantes pontos de vistas, baseado em dois contos de Ryunosure Akutagawa. O diretor viu potencial no roteiro e, a quatro mãos com o autor, o melhorou e expandiu. Rashomon, cujo título no Brasil é Às portas do Inferno, recebeu críticas mornas no Japão, mas o desempenho comercial foi razoável.
A história se passa no Japão do século XI, durante uma forte tempestade um lenhador (Takashi Shimura), um sacerdote (Minoru Chiaki) e um camponês (Kichijiro Ueda) procuram refúgio nas ruínas de pedra do Portão de Rashomon. O sacerdote e o lenhador, testemunhas do crime, começam a contar os detalhes do julgamento. O crime ocorreu num bosque onde um bandido (Toshirô Mifune) intercepta um casal que viaja, depois estupra a mulher e mata o marido.
No julgamento, os depoimentos das testemunhas são divergentes, cada um narrando os fatos de forma conflitante. No filme, Kurosawa revela seu pioneirismo narrativo, construindo uma parábola sobre a honestidade e os limites da dignidade humana. Do ponto de vista técnico, devido à dificuldade de se filmar no meio de uma floresta, Kurosawa inova ao usar espelhos para refletir a luz do sol nos rostos dos atores.
No exterior, o filme foi sucesso de público e crítica, chocando o mundo cinematográfico internacional que ainda não conhecia a tradição dos filmes japoneses de época e a genialidade de Kurosawa. Rashomon recebeu diversos prêmios, como: Leão de Ouro e Crítica no Festival de Cinema de Veneza de 1951; venceu o National Board of Review de Nova York em 1951 nas categorias de melhor diretor (Akira Kurosawa) e melhor filme estrangeiro; ganhou um Oscar honorário em 1952 (na época não havia a categoria para filmes estrangeiros, que só foi criada em 1956).



quarta-feira, 7 de setembro de 2022

O Labirinto do Fauno (Guillermo del Toro;2006)


Indicação e Apresentação  do Filme:João Miguel




Considerações sobre o filme "O Labirinto do Fauno".

Exibido ontem pelo Lumière-Loucos por Cinema/Cineclube ,o "Labirinto do Fauno" é certamente um filme que deixa impressões distintas a cada exibição.É uma das condições,a meu ver,para que um filme torne-se excepcional.Sua atualidade política,sua âncora histórica ,o recurso a dialética e a arte ,colocam o filme de Guillermo Del Toro como fundamentais para a compreensão do cinema contemporâneo.É o que  vários críticos classificam como "os novos clássicos". Enquadrado equivocadamente como "filme de terror ",o terror narrativo e condutor do filme é o terror fascista.Ambientado em 1944 ,no fim da Guerra Civil Espanhola,Del Toro utiliza-se dessa âncora histórica para aproximar afantasia e a imaginação à difícil realidade da menina Ofélia , protagonista que desenvolve uma percepção original diante do "monstro" fascista.Orfã de pai e tendo que acompanhar a mãe para que esta componha sua "segunda família "após o casamento  com o capitão Vidal, Ofélia cria uma realidade imaginativa que, paralela a narrativa histórica da Guerra Civil Espanhola, tenta atenuar sua condição existencial. Ofélia sente-se abandonada, sua mãe está doente , está grávida e recusa-se a chamar  o capitão de pai.A partir daí,Del Toro , ao classificar o filme como "um conto de fadas para adultos", constrói a narrativa redimensionando a tradição dos contos de fada que, invariavelmente, opõe o bem e o mal numa luta que no final é favorável ao primeiro.Del Toro, brilhante ao usar esse recurso,trabalha com o duplo da condição bem x mal,ao mostrar as realidades de Ofélia  e do Capitão Vidal buscando o sentido para ambos naquele  momento vivido.Para Ofélia, é buscar a saída e o conforto diante da situação pela imaginação infantil .Para o Capitão Vidal,a saída é obedecer e combater. As cenas de violência destacadas pela atuação do Capitão,além de tecnicamente muito bem feitas, são necessárias  e com o exagero de quem precisa mostrar e denunciar a violência fascista ,seja lá o momento histórico que ela exista .Caso contrário,o  diretor romantizaria a realidade e abandonaria a História.Como colocou o João Miguel que apresentou o filme, não é a típica violência "hollywoodiana" mas a violência existente na História.

Assim,Ofélia e o Capitão possuem duas crenças distintas , fés inabaláveis ,bem e mal paralelos que no fim do filme encontram-se,tangenciam-se. E nesse sentido,a montagem do filme é excepcional , reforça antagonismos  e analogias e destaca a realidade dialética.Tive a percepção também que Del Toro, além da necessária crítica ao franquismo,critica também a monarquia espanhola,que por ser monarquia  já é anacrônica.Afinal o Fauno parece uma porta voz da família real espanhola  ao considerar Ofélia como uma princesa.E a saída do labirinto é uma proclamação ao sacrifício inevitável da luta política e seu exemplo e necessidade para gerações futuras-Ofelia e seu irmãozinho - e da indicação de possibilidade do triunfo sobre o fascismo - a cena final sobre o Capitão Vidal.Assim,bem e mal não desaparecem mas,na sua luta  criam o entendimento e o  olhar diferentes sobre a realidade que é  também o recurso contido na função social da arte.Assim o cinema como tal cumpre esse papel sobretudo com filmes como o "Labirinto do Fauno "

Joaquim Ferreira

sábado, 3 de setembro de 2022

sábado, 20 de agosto de 2022

Clara Sola ( Nathalie Álvarez Mesén;2021)






 IMPRESSÕES SOBRE O FILME CLARA SOLA:

No texto a seguir deixo algumas impressões sobre o filme.
No interior da Costa Rica, Clara, uma mulher retraída de 40 anos, acredita ter uma ligação especial com Deus. Como “curandeira”, sustenta uma família e uma aldeia, enquanto encontra consolo na sua relação com o mundo natural. Gradativamente, Clara experimenta um despertar sexual e místico para se libertar das repressivas convenções religiosas e sociais que dominaram sua vida.
Filme de 2021, “Clara Sola” trata em primeira analise, do impacto da religião sobre a sexualidade. Mas como o cinema muitas vezes trabalha com camadas de significados, algumas implícitas, outras obscuras, esse texto é uma contribuição da minha percepção sobre a narrativa conduzida pela direção segura da sueco-costarriquenha Nathalie Álvarez Mesén. Questões cheias de subjetividades que no mundo atual precisam de consistência para que se tornem realidades concretas e um pouco mais definidas, sobretudo quando religião e gênero se misturam e a primeira acaba sobrepujando a segunda.
Dirigindo seu primeiro longa-metragem, a diretora explora a estética do realismo mágico, muito presente no cinema latino-americano, junto a uma realidade patriarcal e misógina tão atual.
Clara é tratada pela família, especialmente por sua mãe, como desprovida de importância social. A família limita sua circulação, seus atos e por extensão, sua vida. Esse descompasso de uma mulher agindo infantilmente é mostrado no filme em nome da religião Discordam da sua aparência, implicam com suas escolhas, regulam seus passos, infantilizam-na. O problema físico de Clara é o primeiro e mais significativo exemplo do conflito religião X ciência. A divindade atribuída a Clara conforma e dificulta sua existência: ela nasceu com a coluna torta por vontade divina e não precisa operar , segundo Fresia, a mãe de Clara . Desprezando a operação corretiva, Fresia mostra sua ascendência na vida da filha ao  controlar e distribuir    as bênçãos, os dons e as curas  da consagrada  Clara para a comunidade.
 Importante destacar também que a realidade patriarcal que o filme mostra é explorada sem a presença física ou cênica da figura masculina que reitere essa prática autoritária. O universo simbólico da realidade de Clara corresponde a uma atmosfera carregada desses traços patriarcais e misóginos. Ponto para a diretora, pois expos, a meu ver, a internalização do machismo na própria mulher. O papel masculino de destaque no filme é o de Santiago interpretado por Daniel Castañeda que não conduz seu personagem com uma prática misógina por excelência na sua relação com Clara.
Na conversa após o filme, foi inferido que o comportamento de Clara seria um comportamento autista. É um analise válida. Externamente Clara tem um comportamento autista, mas este não seria uma analogia com a alienação que a religião produz? O espectro autista de Clara não poderia ser a demonstração da “graça”, da “divindade”, da quase possessão, do comportamento quase hagiográfico da protagonista? São as possibilidades de um filme com tantas camadas de significados.
E nesse caso, a personagem de Clara traz para a tela uma das categorias mais básicas da sociologia: a relação natureza e sociedade. Desde a organização das primeiras sociedades e o aparecimento das primeiras civilizações, observa-se a existência de uma intensa e nem sempre equilibrada relação entre sociedade e natureza.
E Clara tenta, a seu modo, reequilibrar essa relação, desequilibrando a sociedade a favor da natureza. Se a sociedade oprime, se relações estão desgastadas, à volta a natureza é necessária perceptível nas atitudes de Clara. Ela, sozinha (daí o complemento do titulo “Sola”) parte para uma jornada de conexão com o meio natural, explorada muito bem pela direção de fotografia e como base na bela paisagem da Costa Rica. Nesse caso, importante destacar a presença constante de sua companheira a égua Yuka. A figura do cavalo para algumas  análises psicanalíticas representa a conexão entre os mundos consciente e inconsciente, físico e mental. A rigor a figura do cavalo, é o motor natural para justificar a própria opção de Clara, que é o desenvolvimento pessoal e emocional. É uma forma de ordenar o processo de individuação e  transformação. A égua Yuka representa o próprio ser livre, indócil, com instintos autônomos de vida e prazer que é o que Clara almeja. Por isso a tensão comportamental de Clara quando a égua é colocada a venda por sua mãe.
Neste contexto, a recorrência constante aos quatro elementos naturais, agua, terra, fogo e ar  destacam as mudanças de Clara.
A analogia com os terremotos e o prazer sexual de Clara, o seu , digamos assim, “rebatismo” com Santiago no rio e especialmente a cena que Clara, derrubando uma castiçal e provocando a queima da imagem da Virgem Maria e da sua própria casa, marco do seu abandono da religião junto a cena do “ rebatismo”. Nesta cena, uma das mais simbólicas do filme o movimento de   Clara é o  “ para fora e para outra religião” ,  ao contrário do ritual de iniciação  do batismo presente nas religiões estruturadas.
E assim na sua inflexão, a protagonista busca uma religião da natureza, uma religião primitiva, que é a crença de que a natureza e o mundo natural são uma personificação de divindades, sacralidades ou poder espiritual. Não percebi um esvaziamento do sentimento religioso no filme e sim uma alternativa a práticas religiosas hierarquizadas, monoteístas, salvacionistas e, sobretudo, fundamentalistas. Assim, Clara abandonaria uma religião que no caso do filme é a religião católica.
É uma narrativa sem sentimentalismo, pieguice ou “final  feliz” . Contribui muito para a força dramática do filme a técnica utilizada pela diretora fechando nos quadros as expressões de Clara, vivida pela atriz Wendy Chinchilla Araya, A propósito, Wendy, no  seu primeiro papel de interpretação no cinema, ganhou o prêmio de  melhor atriz na  Mostra Internacional de Cinema em São Paulo em 2021, evento que também premiou Clara Sola   como melhor filme .
A religião, integrada  a outras dimensões do conhecimento ,  ainda é uma importante forma de compreensão da sociedade para o conhecimento  integral do homem . A  religião tem por sua natureza o  duplo da religião, alienação e libertação que  é tênue. Assim seu problema mais recorrente na atualidade  é quando o fundamentalismo manifesta-se   e tenta regular e ordenar  a sociedade. Clara pende para a primeira optando pela sua libertação individual.

Joaquim Ferreira
 
 
 

sexta-feira, 5 de agosto de 2022

Cão Danado (Akira Kurosawa;1954)


 Indicação, apresentação do filme e texto :Fábio Martins.

Cão Danado (Nora Inu) — Japão, 1949;Direção: Akira Kurosawa
Roteiro: Ryûzô Kikushima e Akira Kurosawa; 
Elenco: Toshirô Mifune, Takashi Shimura, Keiko Awaji
Duração: 122 min.

Um jovem policial, Murukami (Toshirô Mifune), tem sua pistola furtada quando estava em um ônibus lotado. Humilhado e envergonhado, parte obsessivamente na tentativa de recuperar sua arma. O filme remete a um drama policial noir e guarda paralelo com Ladrões de Bicicleta de Vitorio de Sica, de 1948. Mas o roteiro volta-se para o aprofundamento psicológico das personagens. Uma sequência famosa e sem palavras, que dura mais de oito minutos, mostra o detetive disfarçado como um veterano empobrecido, vagando pelas ruas à procura do ladrão de sua arma.
Destacam-se no filme a fotografia e a direção de arte, que logram transmitir uma forte sensação de calor ao espectador, pois o drama se passa em dias insuportavelmente quentes, contando com uma interpretação claustrofóbica que amplia sua dramaticidade. Os atores principais são os mesmos de o Anjo Embriagado e Takashi Shimura ganhou o prêmio de melhor ator no Mainichi Eiga Concours de 1950, que conferiu também ao filme os prêmios de melhor montagem (Fumio Hayasaka), melhor fotografia (Asakazu Nakai) emelhor direção de arte (So Matsuyama). Adaptado de um romance não publicado de Kurosawa, com estilo de um de seus escritores favoritos, Georges Simenon, foi a primeira colaboração do diretor com o roteirista Ryuzo Kikushima, que mais tarde o ajudaria a escrever os roteiros de outros oitofilmes. Trata-se de uma história de detetive sem tiroteios, caçadas e triunfo inconteste do mocinho. O ponto focal do argumento é a obrigação moral e neurótica do protagonista em recuperar sua arma roubada, movido mais pela honra e sentimento de culpa, pois a arma passa a ser utilizada no cometimento de crimes. Mas, a passionalidade do jovem policial não o deixa agir racionalmente, até que um detetive mais experiente e perspicaz, Sato(Takashi Shimura), o ajuda a rastrear o ladrão. 
Cão Danado, embora gire em torno do furto de uma arma, revela um pano de fundo socialque torna esse fato parecer pouco relevante em vista dos problemas muito maiores que são enfrentados pela sociedade. Se o policial é um profissional de grande importância para a sociedade, é também vítima dessa mesma sociedade, mas não só ele, pois o ladrão é levado ao mundo do crime pelo desespero na luta pela sobrevivência em uma sociedade desigual. Esse olhar para a natureza humana será marcante na obra de Kurosawa.


terça-feira, 17 de maio de 2022

Deus da Carnificina ( Roman Polanski,2011)


Adaptando em Deus da Carnificina a peça homônima da francesa Yasmina Reza, encenada no Brasil em 2011, o diretor franco-polonês Roman Polanski extraiu o melhor da qualidade do texto, aliando-se à própria autora como corroteirista e a um notável quarteto de atores: Jodie Foster, Kate Winslet, Christoph Waltz e John C. Reilly.
Tirando bom partido do confinamento previsto no texto original, cuja ação se passa na sala de um apartamento, Polanski desdobra as muitas nuances de um duelo verbal feroz entre dois casais. Um deles, formado pelos pais de um garoto que agrediu o filho do outro com um pau, quebrando-lhe dois dentes. Os dois meninos são colegas de classe.
O incidente, corriqueiro na aparência, é o rastilho de pólvora que vai incendiar quatro personagens de origens sociais e culturais diferentes, cada um representando posições em choque sobre diversas questões explosivas no mundo atual – o politicamente correto, a mobilização por causas do Terceiro Mundo, as regras da vida em comunidade, as diferenças entre homens e mulheres, os sacrifícios pessoais exigidos pelo casamento.
Polanski faz justiça ao texto, assinando um filme notável por sua intensidade minimalista ao sustentar a ironia que se infiltra nas entrelinhas. Além de estar à vontade dentro deste tipo de cinema claustrofóbico, que ele cultivou tão bem em trabalhos anteriores, como A Faca na Água (1962), Repulsa ao Sexo (1965) e O Inquilino (1976), o diretor recebeu um inesperado e desagradável reforço adicional: foi durante os sete meses de sua prisão domiciliar, em seu chalé na Suíça, em 2009, que ele produziu este roteiro. A prisão foi ainda um rescaldo da velha pendência com a justiça norte-americana, relativa a um suposto estupro contra uma menor, há 35 anos atrás.
Inovando em relação à montagem teatral, Polanski incorpora ao filme duas sequências externas, filmadas num parque de Nova York por um de seus assistentes – já que ele pode ser preso se voltar ao país -, inclusive a própria briga dos meninos que deflagra a guerra entre seus pais. Além disso, o diretor acrescenta uma ácida conversa entre o casal Nancy (Kate Winslet) e Alan Cowan (Cristoph Waltz) no banheiro, inexistente no teatro.
Filme e peça apoiam-se fundamentalmente na notável artilharia verbal do texto original, que serve à perfeição não só para delimitar as diferenças entre os personagens, como para escancarar como são frágeis as máscaras sociais, como a educação, a cultura, até os modos à mesa. Não é um panorama muito otimista do estado geral da civilização, alguns milênios depois da saída dos homens das cavernas, mas certamente sua ironia é uma digna forma de encará-lo.
 
Fonte: http://cineweb.com.b...p?id_filme=3731


 

O Anjo Embriagado( Akira Kurosawa;1948)


 Indicação,apresentação do filme e texto : Fábio Martins


O Anjo Embriagado (Yoidore tenshi) – Japão, 1948
Direção: Akira Kurosawa
Roteiro: Keinosuke Uekusa, Akira Kurosawa
Elenco: Takashi Shimura e Toshirô Mifune.
Duração: 98 min.

O filme é frequentemente considerado a primeira grande obra de Kurosawa como diretor. Trata-se de uma história realista, com alguma influencia do realismo italiano, no qual um médico, alcóolatra,  atende um gangster ferido e identifica nele sinais de tuberculose. Esta foi a primeira parceria de Kurosawa com o ator Toshiro Mifune (que irá interpretar papéis importantes em 16 filmes do diretor). Apesar de Mifune não ter sido escalado como protagonista, sua performance explosiva como o ganster dominou tanto o filme que acabou desviando o foco do personagem principal, o médico alcoólatra. Se em Um Domingo Maravilhoso (1947), Kurosawa abordou de maneira crítica e lírica a vida da população pobre no Japão pós-guerra, em O Anjo Embriagado ele voltou suas lentes para os miseráveis e para as gangues. 
O protagonista de Anjo Embriagado é interpretado de forma marcante por Takashi Shimura, que dá vida a um médico de modos pouco sutis, mas que expressa seu lado doce com uma jovem adolescente que ele cura. O médico mostra-se preocupado com a saúde dos que o procuram, agindo, às vezes, como um verdadeiro pai turrão. Já o mafioso interpretado por Mifune, embora acometido com tuberculose, não consegue interromper seus vícios, o que agrava cada vez mais o seu estado de saúde. Entre vícios e miséria, o filme apresenta o cotidiano de uma comunidade na periferia de Tóquio, entre a sujeira e o mau cheiro, no qual Kurosawa usa da própria constituição do cenário para delinear a composição psicológica de suas personagens, que não sofrem apenas dos males do corpo, mas também do espírito.
A fotografia de Takeo Ito explora bastante o contraste entre o dia e a noite, o preto e o branco, lembrando, até por sua constituição criminosa, os filmes noir. Com o retorno do chefão da gangue reassumindo o seu lugar, o personagem de Mifune vai definhando, os seus comparsas da Yakuza arquitetam um modo de deixá-lo fora dos negócios o mais rápido possível. A indicação de uso do homem como uma peça, que quando quebrada ou defeituosa é jogada fora, é apresentada de maneira cruel. Kurosawa não faz apenas a condenação moral do crime, mas convida os espectadores a refletirem sobre o contexto social em torno da criminalidade.
O Anjo Embriagado foi um grande sucesso de público à época de seu lançamento, 1948, sendo aclamado também pela crítica, e escolhido pelo grupo de críticos Kinema Junpo como o melhor filme do ano, o primeiro de três filmes de Kurosawa a receber essa honraria. Foi ainda vencedor dos prêmios de Melhor Fotografia, Filme e Trilha Sonora no Mainichi Film Concours. Em que pese ter sido obrigado a reescrever o roteiro por causa da censura dos tempos da ocupação americana,  trata-se de obra geralmente caracterizada como o início da independência e domínio pleno de Kurosawa sobre a direção geral de seus filmes, o que irá se consolidar em Cão Danado (1949), e despontaria nas obras-primas da década seguinte.


sexta-feira, 8 de abril de 2022

Rasga Coração (Jorge Furtado;2018)


RASGA CORAÇÃO
BRASIL, 2018;115 min.
Direção: Jorge Furtado Elenco Principal: Marco Ricca, Chay Suede, Drica Moraes,George Sauma
Manguari Pistolão é ao mesmo tempo um herói e um homem comum. Atuante na militância em boa parte da vida, agora terá que enfrentar o mesmo que seu pai: seu filho, Luca, pretende deixar a faculdade de Medicina e ingressar de vez no movimento hippie. Em um crescente conflito com as escolhas do garoto, verá seu passado sendo reinventado na figura dele. Baseado na peça teatral homônima de Oduvaldo Vianna Filho.



Decálogo (Krzysztof Kiéslowski;1988)



DECÁLOGO
(Dekalog );POLÔNIA ;1988  
 Direção:Krzysztof Kiéslowski
Série cinematográfica que consiste em dez filmes representando cada  um dos Dez Mandamentos e  explorando seus possíveis significados- considerados  ambíguos e contraditórios -  na Polônia moderna.

Exibição dos episódios 1 e 8:

Decálogo 1 - Amarás a Deus sobre todas as coisas (56 min) 
Um professor universitário que acredita na razão e nas forças das leis da ciência, convive com seu filho de 10 anos, dividido entre a crença científica paterna e a fé religiosa de uma tia.

Decálogo 8 - Não levantarás falso testemunho (57 min)
Pesquisadora judia encontra-se com uma professora de Ética da universidade que há 45 anos negara-lhe ajuda durante a Segunda Guerra Mundial, afirmando ser católica e não poder cometer falso testemunho.

INDICAÇÃO E APRESENTAÇÃO DOS FILMES: FÁBIO BENTO




segunda-feira, 4 de abril de 2022

No Ritmo do Coração ( Sian Heder;2021)

 
NO RITMO DO CORAÇÃO(Coda)  
EUA;2021 ;111 min. Direção:Sian Heder                              
A adolescente Ruby é a única pessoa dotada de audição dentro de uma família de surdos.Ela é a intérprete para seus pais e irmão,ajuda nos negócios de pesca da família e sonha se tornar cantora.Quando a crise econômica afeta os negócios ,Ruby fica dividida entre seu amor pela música e suas obrigações com a família. Adaptação de "A Família Bélier".
Indicação e apresentação do filme: Anna Nabuco

Um Barco e Nove Destinos ( Alfred Hitchcock;1944)


 UM BARCO E NOVE DESTINOS (Lifeboat)  EUA ;1944  ;97 min. 
Direção: Alfred Hitchcock ;Roteiro: John Steinbeck
Durante a Segunda Guerra Mundial , civis estadunidenses e britânicos que sobreviveram a um naufrágio provocado por um submarino alemão, tentam chegar em terra firme em um bote salva-vidas. Quando um oficial alemão é resgatado da água, o grupo permite que ele suba a bordo, mas sua presença aumenta anda mais a  tensão no barco, verdadeiro microcosmo das relações sociais.

sábado, 2 de abril de 2022

PROGRAMAÇÃO ABRIL 2022


 05/04- EUTERPE LUMIARENSE
UM BARCO E NOVE DESTINOS
(Lifeboat)  EUA  1944   97 min.
Direção: Alfred Hitchcock;Roteiro: John Steinbeck
Durante a Segunda Guerra Mundial , civis estadunidenses e britânicos que sobreviveram a um naufrágio provocado por um submarino alemão, tentam chegar em terra firme em um bote salva-vidas. Quando um oficial alemão é resgatado da água, o grupo permite que ele suba a bordo, mas sua presença aumenta anda mais a  tensão no barco, verdadeiro microcosmo das relações sociais.

07/04- ESPAÇO ECOARTE
NO RITMO DO CORAÇÃO
(Coda)  EUA  2021  111 min.
Direção:Sian Heder
A adolescente Ruby é a única pessoa dotada de audição dentro de uma família de surdos.Ela é a intérprete para seus pais e irmão,ajuda nos negócios de pesca da família e sonha se tornar cantora.Quando a crise econômica afeta os negócios ,Ruby fica dividida entre seu amor pela música e suas obrigações com a família. Adaptação de "A Família Bélier".Indicação e apresentação do filme: Anna Nabuco

12/04- EUTERPE LUMIARENSE 
DECÁLOGO
(Dekalog )POLÔNIA,1988;
Direção: Krzysztof Kieślowski
É  uma série cinematográfica  que consiste em dez filmes de aproximadamente uma hora de duração, cada um representando um dos Dez Mandamentos, explorando possíveis significados dos mandamentos - considerados freqüentemente ambíguos e contraditórios - inserindo-os numa história ficcional ocorrida na Polônia moderna.
Exibição dos episódios 1 e 8:

Decálogo 1 - Amarás a Deus sobre todas as coisas (56 min)
Um professor universitário que acredita na razão e nas forças das leis da ciência, convive com seu filho de 10 anos, dividido entre a crença científica paterna e a fé religiosa de uma tia.

Decálogo 8 - Não levantarás falso testemunho (57 min)
Pesquisadora judia encontra-se com uma professora de Ética da universidade que há 45 anos negara-lhe ajuda durante a Segunda Guerra Mundial, afirmando ser católica e não poder cometer falso testemunho.

Indicação e apresentação dos filmes: Fábio Bento

14/04- ESPAÇO ECOARTE
RASGA CORAÇÃO
BRASIL, 2018;115 min.
Direção: Jorge Furtado Elenco Principal: Marco Ricca, Chay Suede, Drica Moraes,George Sauma
Manguari Pistolão é ao mesmo tempo um herói e um homem comum. Atuante na militância em boa parte da vida, agora terá que enfrentar o mesmo que seu pai: seu filho, Luca, pretende deixar a faculdade de Medicina e ingressar de vez no movimento hippie. Em um crescente conflito com as escolhas do garoto, verá seu passado sendo reinventado na figura dele. Baseado na peça teatral homônima, do dramaturgo Oduvaldo Vianna Filho


19/04- EUTERPE LUMIARENSE 
O MESTRE E O DIVINO
BRASIL, 2013;Documentário;85 min. 
Direção: Tiago Campos Torres -Elenco: Elenco: Divino Tserewahu, Adalbert Heide
Como todo período histórico importante, a catequização indígena no Brasil envolve mitos e verdades. Em pleno século XXI, uma aldeia em Sangradouro, no estado do Mato Grosso, recebe a visita de dois cineastas, o alemão Aldalbert Heide e o Xavante Divino Tserewahu, que auxiliam na descoberta das origens de certas tradições da tribo.

21/04- ESPAÇO ECOARTE
OS INCONFIDENTES
BRASIL, 2013;100 min. 
Direção: Joaquim Pedro de Andrade - Roteiro:Joaquim Pedro de Andrade e Eduardo Escorel ;Elenco Principal : José Wilker, Luiz Linhares, Wilson Grey Fábio Sabag, 
Com base nos Autos da Devassa, na poesia dos inconfidentes e em  Cecília Meireles, Joaquim Pedro de Andrade constesta versões oficiais da história da Inconfidência Mineira, e trata da posição de intelectuais diante da prática de políticas revolucionárias

26/04- EUTERPE LUMIARENSE 
PRAZER,CAMARADAS!
PORTUGAL, 2019;102 min. 
Direção: José Filipe Costa 
Em 1975, depois da Revolução dos Cravos, muitos estrangeiros e portugueses do norte vão para a região central do país para ajudar nas recém-formadas cooperativas. Mas suas visões progressistas sobre os costumes e a sexualidade logo se chocam com os comportamentos locais.  Entre os portugueses das aldeias e os estrangeiros criaram-se tensões, mas também cumplicidade .

28/04- ESPAÇO ECOARTE
SESSÃO DIA DO TRABALHADOR
TEMPOS MODERNOS
(Modern Times)EUA;1936;87 min.
DIREÇÃO: Charles Chaplin.
Um operário de uma linha de montagem é levado à loucura pela "monotonia frenética" do seu trabalho. Após um período em um sanatório,deixa o hospital mas fica desempregado. Simultaneamente uma jovem rouba comida para salvar suas irmãs famintas. Seus caminhos se  cruzam numa situação de crise generalizada  e o pior ainda está por vir.

domingo, 27 de fevereiro de 2022

PROGRAMAÇÃO MÊS DE MARÇO/2022



8 /03 -EUTERPE LUMIARENSE
ETERNAMENTE PAGU; BRASIL,1988.; Direção:Norma Bengell;100 min
Cinebiografia de Patricia Galvão, a Pagu,poeta,diretora de teatro,desenhista e jornalista.Militante do PCB .foi a primeira mulher presa no Brasil por motivações políticas.Participou do movimento modernista iniciado em 1922. 
+ Exibição do curta  " Eh Pagu, Eh!"( Direção:Ivo Branco;1982;15 min)

10 /03 -ESPAÇO ECOARTE LIVRARIA 
MISS MARX;ITÁLIA/BÉLGICA;2020 Direção: :Susanna  Nicchiarelli;107 min
Eleanor Marx é a filha mais nova de Karl Marx.Ela é uma das primeiras pensadoras a vincular feminismo e socialismo,participando das lutas dos trabalhadores,dos direitos das mulheres e da abolição do trabalho infantil.
APRESENTAÇÃO DO FILME; ANNA LUIZA COSTA(COLETIVO FEMINISTA CLASSISTA ANA MONTENEGRO

+ Exibição do curta " A boneca e o silêncio"(2015;Direção: Carol Rodrigues;19 min) A solidão de Marcela, uma menina de 14 anos, que decide interromper uma gravidez indesejada.


17 /03 -ESPAÇO ECOARTE LIVRARIA 
EL BUMBÚN;ARGENTINA;2014 ;Direção: Fernando Bermúdez;85 min
Em uma área rural na Argentina,o machismo,a miséria e a repressão da última ditadura militar enquadram a tragédia de Bumbún,filha de um lenhador que obriga sua filha a se disfarçar de homem desde o nascimento. Sua vida ficará dividida entre aceitar esse destino ou lutar para mudá-lo. 

+ Exibição do curta " Pauline!"( “Cinco filmes contra a homofobia”.Direção: Céline Sciamma ;2010;8 min) Uma jovem conta sua história para outra garota: a infância em pequena cidade pro,a revelação pública de sua homossexualidade,a dor da solidão,a possibilidade de aceitação.

24 /03 -ESPAÇO ECOARTE LIVRARIA 
PACARRETE;BRASIL;2020;Direção:Allan Deberton;97 min.
Pacarrete é uma professora de dança aposentada que vive com a irmã, no interior do Ceará. Seu grande sonho é estrelar um balé para a população local durante a grande festa da cidade, Entretanto, a falta de interesse da população em geral  torna-se um problema

+Exibição do curta "Você tem belas escadarias, sabia" ;Direção:Agnès Varda;1986;3 min. Homenagem à Cinemateca Francesa, na ocasião de seu cinqüentenário.

CICLO DE FILMES "GRANDES DIRETORES " - NELSON PEREIRA DOS SANTOS

 




CICLO DE FILMES "GRANDE DIRETORES" -NELSON PEREIRA DOS SANTOS 


Nascido em São Paulo, em 22 de outubro de 1928, Nelson Pereira dos Santos iniciou suas experiências com o cinema na década de 1940. Advogado de formação, no início da década de 1950 veio para o Rio de Janeiro e, a partir desse momento, inaugura o caminho que o tornaria um dos mais admiráveis diretores do cinema brasileiro.

Cineasta engajado politicamente, marcou a história do cinema nacional como integrante ativo de diversos movimentos sociais e cinematográficos. Conforme o próprio Nelson indicou, “foram os dez anos de minha formação, do ginásio à Faculdade de Direito, uma viagem a Paris, o casamento, serviço militar, cineclubes, Juventude Comunista, primeiro emprego em jornal, primeiro filme (…) Estava impregnado da certeza de que o Brasil encontraria o bom caminho para ter uma sociedade mais rica e mais justa.(…)”.

Nelson oficialmente fez 27 filmes, destacando-se nessa produção: “Boca de Ouro”(1955) , “Rio, 40 Graus” (1955), “Vidas Secas” (1963), “Rio, Zona Norte”(1957), “Amuleto de Ogum (1974)” ,Tenda dos Milagres(1977), “Memórias do Cárcere” (1984), referências da originalidade da obra de Nelson  por conta da perspectiva das camadas populares na condução das narrativas, criando assim a base da estética do Cinema Novo no país, movimento do qual Nelson foi um dos precursores e autores mais destacados.

Foi membro do Partido Comunista Brasileiro nos anos de 1940 e 1950, tendo atuado em escolas de formação. Conforme depoimento do próprio cineasta em 2007: “É importante assinalar que, para mim, e acredito tenha sido para muita gente, o Partido foi uma outra universidade. Uma universidade pelo avesso, pois questionava a versão tradicional da história do Brasil, por exemplo. Outra coisa que o Partido proporcionou foi um convívio amplo com pessoas de classes sociais, origens e formações diferentes (…) “.

Em 1950, fez o curta “Juventude”, sobre trabalhadores de São Paulo, destinado à apresentação num encontro da Juventude Comunista em Berlim Oriental e cujo negativo foi perdido. Essa experiência, para Nelson, foi a sua descoberta para o cinema. Em 1951, escreveu na antiga revista “Fundamentos”, que era preciso inventar uma cinematografia que refletisse “na tela a vida, as histórias, as lutas e aspirações do povo brasileiro”.

Em 1955, com a conclusão de “Rio, 40 graus”, Nelson já indicava a trajetória política que marcaria sua carreira. Filme proibido com o pretexto de ser filme de “comunista”, segundo a censura da época, o próprio PCB liderou uma campanha exitosa para retirar a censura ao filme, que foi lançado em março de 1956. Outros dois filmes importantes da obra de Nelson Pereira dos Santos retomam, em momentos distintos, duas obras do escritor alagoano Graciliano Ramos(1892-1953) outro destacado militante do PCB: “Vidas Secas”, de 1938, e ” Memórias do Cárcere”, de 1953, transformadas em filmes em 1963 e 1984, respectivamente.

Em 1963, no período de efervescência política e cultural que antecedeu o golpe que mergulharia o pais na ditadura político-militar de 1964, Nelson lançou “Vidas Secas”, um dos mais importantes filmes cinemanovistas. Indicado à Palma de Ouro em Cannes em 1964, “Vidas Secas” abordava pelo cinema os problemas sociais do Brasil. O filme prima pela honestidade intelectual de Nelson na adaptação da obra de Graciliano para o cinema. Quem leu o livro de Graciliano Ramos percebe a perfeita sincronia entre as duas representações: roteiro preciso, filme conciso, seco, econômico nos diálogos, tal qual o estilo de Graciliano, mas perfeito nas lentes que, sem recursos artificiais, integram imagem, som e texto de forma equilibrada. Os únicos excessos são o retratos da desumanização, da imensa miséria, exclusão e violência sociais retratadas no filme, bem ao neorrealismo italiano, referência importante do estilo de Nelson Pereira dos Santos. Assim, o diretor mostrava que era possível contar histórias com atores não profissionais, cenários externos e escassos recursos. O filme “Vidas Secas” transformou-se num elemento a mais para pensar o Brasil dos anos 1960.

Na adaptação de Memórias do Cárcere em 1984, para o cinema, Nelson retorna a Graciliano Ramos e a sua autobiografia sobre o Estado Novo. Premiado nos Festivais de Cannes e Havana do mesmo ano, o diretor, na realidade, apresenta uma imagem atemporal das ditaduras, das perseguições políticas e dos problemas crônicos da República brasileira, construindo um retrato social do Brasil, que vivia, naquele momento, os anos finais da ditadura militar. E de acordo com Nelson, “no Brasil estava acontecendo o movimento pelas ‘Diretas já’. Vidas Secas aconteceu no começo da ditadura e Memórias do Cárcere festejou o final”.

Nelson Pereira dos Santos faleceu em abril de 2018. Com sua morte, morreu também uma parte significativa do pensamento contemporâneo brasileiro expressado por uma intensa relação da arte com a cultura popular. 

 O cinema de Nelson  transcendeu  a tela e tratou o cinema não como mero entretenimento cultural, mas como arte que ainda possibilita uma análise profunda da realidade, assinalando a necessidade de sua radical transformação.


Publicado originalmente  em https://pcb.org.br/portal2/19446/nelson-pereira-dos-santos/


PROGRAMAÇÃO

HORARIO: 19 HORAS


*O3 DE MARÇO,QUINTA-FEIRA -ESPAÇO ECOARTE LIVRARIA-SÃO PEDRO DA SERRA

RIO 40 GRAUS

BRASIL,1956;109 min

Elenco: Glauce Rocha, , Roberto Batalin, Zé Kéti, Sady Cabral Jece Valadão.

No Rio de Janeiro, em um dia intenso de verão, cinco garotos pretos e pobres saem da favela onde vivem para vender amendoim pela cidade. Percorrendo os quatros cantos do Rio, eles vivem e presenciam casualidades e incidentes cariocas, verdadeiras desventuras urbanas que destrincham a realidade urbana carioca daquele período.

APRESENTAÇÃO DO FILME: PROF. MUNIZ FERREIRA (UFRRJ)


O6 DE MARÇO,DOMINGO -ESPAÇO ECOARTE LIVRARIA-SÃO PEDRO DA SERRA

BOCA DE OURO

BRASIL,1963;103 min

Elenco:Jece Valadão,Odete Lara,Daniel Filho.Ivan Cândido

A história do temido bicheiro Boca de Ouro, figura quase mitológica no bairro de Madureira, durante os anos 1950. Sua ambição,amores e pecados despertam a curiosidade do jornalista Caveirinha, que procura uma ex-amante do contraventor e descobre três diferentes versões da vida do bicheiro Adaptação da obra teatral de Nelson Rodrigues


15 DE MARÇO,TERÇA-FEIRA - EUTERPE LUMIARENSE-LUMIAR

VIDAS SECAS

BRASIL, 1964;103 min.

Elenco:Átila Iorio,Maria Ribeiro ,Jofre Soares,Orlando Macedo

Uma família miserável tenta escapar da seca no sertão nordestino. Fabiano,Sinhá Vitória, seus dois filhos e a cachorra Baleia vagam sem destino e já quase sem esperanças pelos confins do interior, sobrevivendo às forças da natureza e à crueldade dos homens.Adaptação do livro de Graciliano Ramos.


22 DE MARÇO,TERÇA-FEIRA - EUTERPE LUMIARENSE-LUMIAR

MEMÓRIAS DO CÁRCERE

BRASIL, 1984;185 min. Elenco: Carlos Vereza, Glória Pires,José Dumont,Jofre Soares,Nildo Parente

Em 1936 o escritor Graciliano Ramos, então diretor de instrução pública  do estado de Alagoas,é preso acusado de ligações com a Aliança Nacional Libertadora sem passar sequer por um julgamento. No presídio da Ilha Grande, ,em meio a atritos políticos e pessoais,ele escreve sobre as terríveis condições que os detentos recebiam na cadeia.

APRESENTAÇÃO DO FILME: PROF. RICARDO COSTA (FUNDAÇÃO DINARCO REIS)


29 DE MARÇO,TERÇA-FEIRA EUTERPE LUMIARENSE-LUMIAR

TENDA DOS MILAGRES

BRASIL, 1977;132 min;Roteiro:Nelson Pereira dos Santos e Jorge Amado

Elenco:Hugo Carvana, Sônia Dias,Anecy Rocha,Jards Macalé,

Um pesquisador estadunidense está em  Salvador  para estudar a vida de Pedro Arcanjo sociólogo negro que viveu na cidade no começo do século XX. Porém, ninguém parece saber sobre o estudioso, o que alvoroça a imprensa local. Um jornalista baiano começa a investigar sobre Pedro Arcanjo e descobre que ele foi um intelectual que lutava contra a cultura racista. Adaptação do romance homônimo de Jorge Amado.