Indicação ,apresentação do filme e texto: Reinaldo Silva
Dogville
e o exercício do Poder
Direção e Câmara: Lars Von Tries -
2003
Obs: Esteve em cartaz no teatro Clara
Nunes, RJ, a peça adaptada a esse filme até o dia 16/12/18, e ficará em cartaz
entre os dias 25 a 31/01/19 no Teatro Porto Seguro em SP.
Se existe uma palavra nada original,
mas que cabe perfeitamente neste caso é a palavra polêmico! E o motivo central
deste adjetivo está relacionada aos minutos finais do filme. Não cabe a mim
fazer qualquer juizo de valor sem que o filme seja visto, nem sequer uma mínima
dica. Mas eu tenho uma visão ambígua sobre o filme. Não é uma contradição, e
foi por isso que o indiquei. Tenho sempre o cuidado de não emitir nenhum
parecer que antecipe a escolha de quem deseja ver o filme.
Acompanha as cenas de Dogville uma
fundamental e peculiar narrativa do ator Jonh Hurt (uma espécie de “presença
ausente” nas cenas do filme), contando uma fábula sobre uma comunidade pós período
conhecido como uma das maiores crises do capitalismo nos Estados Unidos (Depressão-1929).
Portanto, não estamos assistindo nenhum filme “baseado em fatos reais” e sim
uma ficção. Aliás, todos os filme são ficções e o uso “baseado em fatos
reais” é pura jogada comercial de marketing dos realizadores para atrair maior
público.
O filme trata de questões morais e
éticas dos moradores da comunidade Dogville com uma recém chegada Grace (Nicole
Kidman). O filme é sobre uma possível alusão sobre emigrantes que vivem
ilegalmente nos Estados Unidos. Mas, no meu entender, o filme também serve como
reflexão sobre o uso do medo como justificativa para o exercício do poder
tirânico, face aos interesses moralmente inconfessáveis. Qual o comportamento
moral que deve prevalecer diante de situações em que o outro expõe as suas
fragilidades existenciais/concreta?
O tema mais absorvente do filme é o
exercício do poder político no exercício da convivência e não como ideologia
política.
Somente uma narração irônica para
desmontar a rede de cinismos, hipocrisias, aversões dissimuladas, ressentimentos, inveja, fracassos pessoais e
ódios compartilhados por todos que vivem naquela comunidade.
O elenco impecável e o cenário do filme totalmente original, mas se trata de uma peça
filmada, como alguns críticos consideraram.
O diálogo entre pai (James Caan) e
filha (Nicole Kidman) é primoroso.
Abs
Reinaldo
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