domingo, 23 de fevereiro de 2020

CICLO DE FILMES "GRANDES DIRETORES" - WOODY ALLEN : Meia-Noite em Paris (2011)



Indicação, apresentação do filme e texto: Anna Nabuco

MEIA-NOITE EM PARIS
Direção e roteiro: Woody Allen;Produção: EUA/Espanha;Ano : 2011;Duração: 94 minutos
Fotografia: DariusKhondji (Iraniano)
Elenco: Owen Wilson / Marion Cotillard / Rachel McAdams
Indicado para o Oscar em 2012 para melhor direção, melhor direção de arte e melhor filme, vencendo por MELHOR ROTEIRO ORIGINAL.

SINOPSE:
Gil, um escritor frustrado do século XXI, roteirista de Hollywood , caminhando pela noite de Paris, entediado com suas férias junto a família da namorada,é surpreendido por um Rolls Royce,no melhor estilo “Cinderela e carruagem”, à meia noite, para uma visita a Paris dos anos 20 e a Belle Époque (fins do séc XIX até 1914), na onda, REALISMO FANTÁSTICO ( movimento literário do início séc XX, onde ocorre a transformação do comum e do cotidiano em uma vivência que inclui experiências fantásticas). É nesse tour ao passado que Gil consegue inspiração para o tão sonhado livro.

POSSÍVEL INSPIRAÇÃO DE WOODY ALLEN:
O filme foi provavelmente inspirado pelo incidente Moberly-Jourdain, de 1901, quando 2 estudantes afirmaram ter tido experiências sobrenaturais de viagem no tempo.

POR QUE ASSISTIR MEIA NOITE EM PARIS?
Assistir Meia-Noite em Paris, é hoje nosso convite a uma deliciosa brincadeira: identificar as personalidades que vão passar em nossa tela, entre tantas... Picasso, Dalí, Cole Porter, Degas, Zelda e Scott Fitzgerald, T.S. Elliot, Buñuel, Gertrude Stein, Josephine Baker, Hemingway, Toulouse-Lautrec, Gauguin, Matisse, James Joyce, Chanel e os espaços públicos de Paris, começando pelo Jardin de Monet, Palácio de Versalhes, Museu de Rodin, Ponte Alexandre III,a escadaria da Igreja Saint-Etienne duMont, Museu de l’Orangérie, Mercado das Pulgas, Maxim’s, Livraria Shakespeare & Co, Le Polidor, os Bouquinistes de Paris, Museu des Arts Forains...
Sendo o filme de WA de maior lançamento no cinema brasileiro: 99 cópias em 103 salas, pouco temos a acrescentar ao visto e falado sobre ele. Como presente, Allen   vem novamente falar sobre a condição humana e seus tropeços.
Abriu o festival de Cannes de 2012, onde foi aplaudido de pé.
Neste filme, de 2011, Woody Allen  convida o público para uma profunda reflexão sobre a legitimidade de hábitos sociais e arranjos amorosos por comodidade ou por exibicionismo.
O resultado é muito mais do que uma comédia romântica e utiliza como principal ferramenta “a arte”, sempre presente em sua filmografia.
O filme é a cabeça dele, vivida pelo protagonista. Um filme sofisticado, como é a cultura de WA, que situa num passado culturalmente importante, onde os personagens se encontram e fazem a festa para nós espectadores.
O roteiro ajusta pelo menos 3 tempos diferentes, cada um contendo seus problemas existenciais e suas representações artísticas.
E justiça seja feita ao cartaz internacional do filme que mostra Gil caminhando sob o céu de Van Gogh, A Noite Estrelada.
Woody Allen, com este filme faz uma homenagem à Paris, mostrando em detalhes a beleza e a magia do espaço urbano, como podemos ver nas primeiras cenas, anteriormente feito apenas em MANHATTAN.A fotografia, brinca com os tons de sépia e amarronzado no passado, contrastando com a cidade iluminada do presente, fundamental para sentirmos a mudança no tempo. O diretor de fotografia, saiu-se muito bem ao capturar as belezas e o “clima” parisiense em seus dois momentos, deixando para o dia, as belezas urbanas e para noite , a magia!
Utiliza uma trilha sonora que une o jazz padrão, comum nos filmes do cineasta, com canções de lendas da música, com destaque para Cole Porter.
O filme foi rodado no Hotel Le Bristol, onde também ficaram hospedados.
O “parente” mais próximo de Meia Noite em Paris é A ROSA PÚRPURA DO CAIRO, onde o personagem GIL também aparece.
O filme aborda temáticas recorrentes a qualquer indivíduo, que descontente com o seu presente, procura uma zona de conforto e fuga. Quem nunca teve vontade de voltar ao passado, viver em outro lugar, com um estilo de vida sonhado? O personagem usa essa fuga da realidade, ora geograficamente, ora ideologicamente, como remédio de seus males.
Este filme de Woody Allen, com caráter otimista, presenteia “Gil”, que a mágica da vida, está onde se deseja e não num suposto espaço / tempo, mesmo que não tenha acontecido a tão sonhada felicidade.Sua estrutura narrativa brinca com o jogo de idealizações e desilusões. Parece que Allen  diverte-se e entrega-se sem reservas, a criar cenas para suas celebridades.
Meia Noite em Paris foi uma autorização que Woody Allen se deu, para alucinar a mais deliciosa aventura intelectual possível. E deixa mais esta mensagem...
Assim como o inconsciente, a Arte é atemporal.


 

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