sexta-feira, 23 de agosto de 2024

O Caso dos Irmãos Naves (Luiz Sérgio Person;1967)


 Nos 70 anos da morte de Getúlio Vargas, sua representação como personagem é bastante polêmica devido à complexidade e à magnitude de suas ações como presidente do Brasil. Durante um período de quinze anos (1930-1945) - A “Era Vargas” -, ocorreram grandes e importantes mudanças para o país. Entretanto, Vargas não é visto de forma favorável por todos. Se muitos o consideram como um fervoroso nacionalista e "Pai dos Pobres", existem outros tantos que o definem como ditador, simpático ao fascismo e amigo das elites.Pela perspectiva do autoritarismo de Vargas, as relações entre Estado e Sociedade sintetizadas na Constituição de 1937, perpassam as questões de estado e revelam o impacto, de uma maneira geral, das ditaduras nos cotidianos das sociedades, completando o arco de domínio necessário as suas permanências e extensão dos seus domínios.  Na ditadura do Estado Novo como exemplo, temos o “Caso dos Irmãos Naves”, considerado por muitos como o maior erro judicial da história do Brasil e que revela o cotidiano para o homem comum de toda a face da estrutura autoritária. A história que abrange o caso tem início em uma cidade do interior de Minas Gerais, Araguari, e origina-se com a acusação dos irmãos agricultores Sebastião Naves e Joaquim Naves pelo Tenente Francisco Vieira dos Santos, como responsáveis pela morte de seu primo. Os irmãos são presos, torturados e obrigados a confessar um crime que não cometeram O processo, conhecido a partir daí como "O caso dos irmãos Naves", transformou-se em filme e livro.  O filme, de 1967, baseado na obra de Alamy Filho é adaptado para o cinema com roteiro de Jean-Claude Bernardet e direção de Luís Sérgio Person.
Um dos méritos do filme é a relação temporal sugerida e que também podemos sugerir para os dias atuais. A demarcação de uma estrutura judiciária autoritária que o diretor Luís Sergio Person faz, relaciona a repressão da Ditadura Militar com o caso dos Irmãos Naves.  O filme nesse sentido, contribui para uma reflexão sobre a herança judicial e política que a formação do Estado brasileiro nos legou.  Afinal, que República é essa que prestes a completar 135 anos de sua instalação ainda mantem aspectos autoritários e discriminatórios na sua aplicação legal? 


Joaquim Ferreira

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