domingo, 26 de janeiro de 2025

Farhrenheit 451( François Truffaut,1966)



FAHRENHEIT 451
REINO UNIDO;FRANÇA|1966
DIREÇÃO:François Truffaut|110 min.
ELENCO PRINCIPAL:Oskar Werner,Julie Christie,Cyril Cusack 
Em um Estado totalitário futurista  os bombeiros têm como função principal queimar livros,pois foi convencionado que literatura propaga infelicidade e ameaçã a estabilidade social.Mas,o bombeiro Montag,começa a questionar tal linha de raciocínio quando vê uma mulher preferir ser queimada com sua vasta biblioteca ao invés de permanecer viva.

APRESENTAÇÃO DA SESSÃO:
JESSÉ RODRIGUES (Antropólogo e mobilizador de projetos)


FAHRENHEIT 451’ (1966): A ANGUSTIANTE ATUALIDADE DO FILME DE TRUFFAUT

Postado por Renildo Rodrigues | maio 31, 2018 | Classic Movies

Disponivel em http://www.cineset.com.br/fahrenheit-451-1966-a-angustiante-atualidade-do-filme-de-truffaut/

Antes de começar a falar sobre Fahrenheit 451, o filme de 1966, é preciso alertar sobre Fahrenheit 451, o filme de 2018 que acaba de entrar em cartaz: o original de Truffaut é uma criação bem mais inquietante e inteligente, e uma adaptação cinematográfica muito mais rica do romance de Ray Bradbury (As Crônicas Marcianas).E, no entanto, a impressão de muitos críticos sobre o filme, à época e agora, é de fracasso – um dos trabalhos menos admirados do grande diretor francês, ponta-de-lança da Nouvelle Vague nas décadas de 1950 e 60 e autor de obras-primas como Os Incompreendidos (1959), Jules e Jim: Uma Mulher para Dois (1962) e A Noite Americana (1973).

Por esse padrão, até entendo que Fahrenheit 451 seja considerado um filme menor do cineasta – uma sombra modesta, digamos, perto da arquitetura imponente de um Os Incompreendidos. Mas Truffaut, um dos criadores mais vitais e apaixonados da Sétima Arte, era constitucionalmente incapaz de fazer um filme meia-boca, sem propósito. E, aqui, em sua única investida pela ficção científica, ele também deixaria a sua marca, criando um exemplar visualmente fascinante e rico em subtextos, num dos períodos mais elegantes e artisticamente ambiciosos do gênero (a poucos anos de distância, por exemplo, de 2001: Uma Odisseia no Espaço [1968], Planeta dos Macacos [1969], O Enigma de Andrômeda [1971] e Solaris [1972].

A primeira surpresa da obra são os créditos: sobre uma série de imagens de antenas de TV, os nomes do elenco, da equipe de produção e do diretor não aparecem escritos, mas sim ditos em voice-over. O que parece bizarro se revela uma escolha absolutamente lógica, pela história a seguir.

No futuro imaginado por Bradbury, os bombeiros não apagam incêndios: eles os provocam. Operando lança-chamas em vez de mangueiras, eles ateiam fogo a livros, esses instrumentos inconvenientes de livre-pensamento e imaginação, que só servem, como explica o chefe da brigada (Cyril Cusack), para tornar as pessoas infelizes, inspirando sonhos e fantasias impraticáveis no mundo real. Nesse quadro totalitário, que não admite dissidências, Montag (Oskar Werner, de Jules e Jim) é um despreocupado funcionário-padrão, vivendo um casamento opaco com Linda (Julie Christie). Cotado para uma promoção, Montag parece estar indo de vento em popa na corporação, mas o encontro com a misteriosa e tagarela Clarisse (Christie também – numa decisão arriscada, mas plenamente justificada, do diretor, a atriz tem de representar duas personagens femininas moralmente opostas, mas cuja semelhança física empresta ambiguidade, e que seria ainda mais acertada se Christie desse conta do desafio) atiça no bombeiro uma curiosidade irresistível por esses trecos com capas, lombadas e páginas.

É um mundo, portanto, livre da leitura (o que explica aqueles créditos iniciais) – a formação cultural das pessoas se dá diante das “paredes convertidas”, com seus televisores dominados por programas produzidos pelo governo, e que propagam a condição de felicidade geral da população, ao mesmo tempo em que convocam jovens com aptidão física para “treinamentos de campo” contra possíveis tumultos – mascarando uma guerra contra dissidentes fora dos muros da cidade, algo a que o filme de Truffaut só alude, mas está bem presente no romance de Bradbury.

Como toda grande ficção científica – e qualquer outro filme, na verdade –, o enredo de Fahrenheit 451 fala profundamente à sensibilidade de seu realizador. Truffaut cansou de dizer em entrevistas que teve a vida salva por seu amor aos filmes e à literatura. Em Os Incompreendidos, o alter-ego do diretor, o menino Antoine Doinel (Jean-Pierre Léaud), acende uma vela para Honoré de Balzac antes de dormir. E, em Fahrenheit 451, mais do que uma alegoria sobre totalitarismo, censura e alienação, o que está patente é o profundo amor de Truffaut pela literatura. As cenas mais icônicas do longa, não por acaso, são os planos em que a câmera registra dezenas de livros, com suas lindas capas e ilustrações, sendo lentamente consumidos pelo fogo. O final pungente, com o idílio (e martírio) das Pessoas-Livro, coloca de forma ainda mais explícita essa devoção do diretor.

Também como toda grande ficção científica, Fahrenheit 451 tem muito a dizer sobre a sua época, e sobre todas as outras. Num mundo dominado por fake news, alienação voluntária em redes sociais, tumultos econômicos e sociais, governos totalitários mascarando-se de democráticos e demais malaises, a obra é um espelho amplificado de nossos temores e dos piores aspectos de nosso dia-a-dia, e um lembrete, sempre relevante, de que o conhecimento sempre há de ser maior e mais duradouro do que a opressão.

Esteticamente, Fahrenheit foi mais um golpe de ousadia e inovação da Nouvelle Vague. Num tempo em que o processo da fotografia em cores ainda era restrito a filmes de grande orçamento, Truffaut aproveitou a oportunidade para criar um visual único para seu longa, que antecipa várias sacadas de filmes posteriores. As paisagens dominadas por concreto, o vermelho intenso do quartel dos bombeiros e o uso repetido de travellings parecem ter influenciado bastante o Laranja Mecânica de Stanley Kubrick, por exemplo. As cores fortes e contrastantes, pré-psicodélicas, têm um parentesco com os experimentos de Fellini (Julieta dos Espíritos [1965]) e Antonioni (Blow-Up: Depois Daquele Beijo [1966]) na mesma época. E a trilha sonora de Bernard Herrmann, colaborador de Alfred Hitchcock, ídolo de Truffaut, também é uma maravilha, com seus tons ominosos e cheios de instrumentos percussivos. A energia típica da direção, com a montagem rápida e a movimentação incisiva da câmera, prova mais uma vez que Truffaut é o precursor mais direto de Martin Scorsese.

Mas Fahrenheit 451 tem mesmo os seus desapontamentos. Os diálogos duros, não-naturais, em inglês, idioma que Truffaut nunca dominou (foi o seu único filme nele, aliás), atrapalham as cenas de maior voltagem emocional, ao mesmo tempo em que criam um tom de détachement que serve bem à humanidade anestesiada do romance de Bradbury. Christie, provavelmente por falta de experiência, tanto dela como do diretor, está apática, quando seus dois personagens pedem registros mais nuançados. E a produção complicada, cheia de brigas, sobretudo entre Truffaut e o protagonista Werner, impediu que Fahrenheit chegasse às alturas que as ideias do cineasta pareciam anunciar.

O que saiu, porém, é um trabalho belo e contundente, que se sustenta por mérito próprio décadas depois, e que cavou um lugar especial na ficção científica tanto por suas brilhantes ideias visuais quanto pelo humanismo de sua mensagem de amor à cultura.




sexta-feira, 24 de janeiro de 2025

Dias Perfeitos ( Wim Wenders;2024)

DIAS PERFEITOS(Perfect Day)

JAPÃO/ALEMANHA|2024|125 min|Direção:Wim Wenders
Hirayama trabalha como limpador de banheiros em Tóquio.Ele parece satisfeito com sua vida simples e dedica seu tempo livre à paixão pela música, livros e fotografia. Aos poucos, seu passado é gradualmente revelado através de uma série de encontros inesperados

INDICAÇÃO E APRESENTAÇÃO DO FILME:MARIA GARCIA




 

quinta-feira, 16 de janeiro de 2025

Um Dia Muito Especial ( Ettore Scola;1977)


 UM DIA MUITO ESPECIAL
(Una Giornata Particolare)
ITÁLIA|1977|106 min| Direção:Ettore Scola.
Roma,6 de maio de 1938.No dia em que a cidade celebra a visita de Adolf Hitler a Benito Mussolini, dois vizinhos se conhecem: a dona de casa Antonietta, casada com um militante fascista e mãe de seis filhos, e o radialista homossexual Gabriele. Ao longo do dia, vivem uma intensa relação humana, compartilhando seus dramas e esperanças. Aos poucos desenvolvem um tipo muito especial de amizade.



quinta-feira, 9 de janeiro de 2025

Drive My Car (Ryûsuke Hamaguchi ;2021)


 DRIVE MY CAR
( ドライブ·マイ·カー;Doraibu mai kâ)
JAPÃO|2021|170 min
Direção:Ryûsuke Hamaguchi 
Um renomado ator e diretor de teatro tem que aprender a lidar com uma grande perda pessoal, quando recebe uma oferta para dirigir uma produção multilíngue de Tio Vanya em Hiroshima.



quinta-feira, 2 de janeiro de 2025

A Noite do Triunfo ( Emmanuel Courcol ;2022)


 A NOITE DO TRIUNFO
(Un Triomphe) FRANÇA|2023|107 min
Direção e Roteiro: Emmanuel Courcol 
Baseado em fatos,o filme conta a história de Etienne um ator que, em busca de um trabalho, acaba dirigindo uma oficina de teatro dentro de uma prisão de segurança máxima. Encantado com os talentos que encontra entre os prisioneiros ele prepara seus alunos para encenar "Esperando Godot", de Samuel Beckett, em um teatro de verdade, fora da prisão.